A 9ª jornada foi aquela em que, pela primeira vez, o FC Porto perdeu terreno para dois concorrentes diretos. Mas foi, também, a ronda que aparentemente sentenciou a discussão sobre as três vagas na Liga dos Campeões. A derrota do Sp. Braga com o Rio Ave (0-1), quarta consecutiva dos minhotos, atira-os para um impensável nono lugar. Mas, mais importante do que isso, cava um fosso de oito pontos para os três primeiros que, nesta altura, parece intransponível - até pelas dinâmicas de sinal contrário.

Esta análise implica, é claro, um pedido de perdão antecipado para as cinco equipas que separam os arsenalistas do trio da frente: sem beliscar, nem de leve, os méritos de Gil Vicente, Estoril, Nacional e companhia, parece pouco credível que se repita a odisseia do Paços de Ferreira na época passada. O pódio começa a mostrar-se à medida dos três históricos. Falta saber por que ordem.

Esta última dúvida é agora mais intensa do que há uma semana, uma vez que os efeitos do clássico do Dragão não se prolongaram no tempo. Já depois de o Benfica ter deixado ténues sinais de melhoria em Coimbra (0-3), num jogo que serviu para confirmar o peso de Cardozo nos destinos encarnados, o FC Porto desperdiçou a embalagem da vitória sobre o Sporting, com uma exibição sofrível no Restelo, mau ensaio geral para o tudo ou nada na Champions. O empate (1-1) diante de um bravíssimo Belenenses - que não perde há cinco jornadas e há oito jogos oficiais! - reacende as dúvidas que a equipa de Paulo Fonseca parecia ter começado a resolver com a vitória convincente de há uma semana. E faz diminuir a almofada de segurança para os dois rivais de Lisboa, agora a uma distância recuperável em apenas 90 minutos.

De sinal contrário foi a resposta do Sporting à derrota no Dragão. Leonardo Jardim tinha anunciado mudanças, e foi uma dessas quatro novidades, Capel, a dar início à acidentada reviravolta sobre o Marítimo (3-2), que teve um herói improvável na figura do argelino Slimani. A reaproximação ao líder, ainda para mais em circunstâncias adversas, prolonga a lua de mel com os adeptos, e minimiza a evidência de há uma semana, acerca da distância que ainda separa este jovem Sporting do topo.

Se os jogos de sexta e sábado foram pródigos em golos e emoções, a nona jornada fechou com um autêntico domingo magro: apenas quatro golos em cinco jogos fixaram o total da jornada num mínimo de 14 tentos, que iguala o registo negativo da 5ª jornada. Culpa parcial de dois nulos, na Choupana e em Arouca, que deram um tom encorajador às estreias de Paulo Alves e Henrique Calisto, à frente de Olhanense e Paços, respetivamente.

Numa Liga em que é tão fácil ganhar fora (28 vitórias) como em casa (29), foram mais dois triunfos visitantes – o do V. Setúbal, na Amoreira (0-2) e o já referido do Rio Ave em Braga – a baralhar e redefinir hierarquias na luta pelos lugares europeus e pela permanência. Um facto bem aproveitado pelo melhor Gil Vicente de sempre, que saiu por cima num duelo muito intenso com o europeu V. Guimarães.

O quarto lugar vai estacionar em Barcelos até ao regresso da Liga, dentro de três semanas. Surpreendente, talvez, mas não tanto como a queda do Marítimo para os lugares de despromoção. Decididamente, para Pedro Martins e Jesualdo, novembro começa da pior maneira.

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