Para quem vive no futebol e, especialmente, do futebol, há sempre aspectos mais ou menos cativantes no mundo da bola. Lutz Pfannenstiel guarda mil e uma experiências de cada um dos seus 22 clubes. Umas boas, outras nem por isso.
«A situação mais estranha que vivi aconteceu na Albânia. Fora do futebol tudo bem, as pessoas eram normais. Mas dentro do mundo futebolístico era terrível, atacavam-nos, atiravam-nos com tudo, pedras, isqueiros, garrafas¿ Até o presidente chegou a bater nos jogadores. Uma coisa surreal. É muito difícil de esquecer, foi quase uma tortura, tempos horríveis. É talvez o pior sítio do mundo para se jogar futebol. Levei algum tempo a recuperar mentalmente dessa aventura», contou o guarda-redes ao Maisfutebol.
As boas recordações, por outro lado, são bastante especiais para este globetrotter.
«Os meus melhores momentos? Um jogo que disputei na América em 2007, contra os LA Galaxy de Beckham. O estádio estava cheio, fumegava, foi uma sensação gira. Mas está claro que estavam lá todos só para ver o Beckham», lamentou, entre risos.
Um outro grande momento para Lutz foi a estreia no Brasil. Era o acumular de mais um país, mas com significado especial. «O futebol no Brasil é único», começou por dizer Lutz. «Além do mais, significava o quinto continente na minha carreira, um marco que ainda ninguém igualou. O meu primeiro jogo lá foi fantástico, fui muito bem recebido e a estreia oficial correu lindamente», recorda o jogador de 35 anos.
Apesar de todo o carinho que se percebe cada vez que Lutz fala do futebol sul-americano, o guarda-redes também viveu uma ou outra peripécia em terras canarinhas. «Lá também me aconteceram situações engraçadas. Uma vez cortaram a luz a meio de um jogo e tivemos que esperar não sei quanto tempo para poder concluir a partida.» Nada de grave, nada que faça Lutz querer apagar a memória desses tempos.
Para o cidadão alemão Lutz Pfannenstiel, o mundo cabe numa bola. Mas o que ele gosta mesmo é do ambiente que rodeia uma partida de futebol. «A atmosfera é o meu elemento preferido. Já joguei perante muitos milhares de pessoas e só com centenas a assistir, mas todos os jogos têm o seu encanto. Estar com o estádio cheio é muito estimulante. E adoro os cânticos!», confessa entusiasmado.
Usar o futebol para uma boa causa
Lutz não é só um jogador invulgar pela forma como geriu a sua carreira até ao momento. O guarda-redes alemão aplica-se bastante também fora dos relvados. O melhor exemplo da sua atitude humanitária chama-se Global United FC. É um clube de futebol, o que não estranha, mas toma umas quantas medidas no mínimo¿ inéditas. As preocupações ambientais levam o Global United a jogar nos locais mais afectados pelo problema do aquecimento global. Ninguém melhor que o mentor para dar a conhecer a ideia.
«O Global United é o meu maior projecto de vida. Sempre fui uma pessoa que gosta de ajudar, que se preocupa. Decidi criar algo que me permita fazer alguma coisa pelo mundo. Primeiro pensei num projecto de direitos humanos, mas depois achei giro ligar o ambiente e o futebol. Abri um clube ecológico, adepto da natureza, preocupado com o aquecimento global, um grave problema dos tempos que correm», lembra o guarda-redes.
Lutz explicou ao Maisfutebol quais os próximos passos do Global United e diz «acreditar fortemente» no cumprimento dos objectivos a que se propôs.
«Achei por bem utilizar a força do futebol para chamar a atenção para o problema do aquecimento global. A beleza do projecto está na forma de captar ajuda através do interesse que o futebol estimula. Os próximos projectos envolvem Barack Obama e Angela Merkel. Vamos realizar um jogo de estrelas em Copenhaga ¿ em que conto ter um ou dois portugueses ¿ e está prevista a presença deles. Depois, haverá um jogo na África do Sul. Temos também marcada uma partida na Antárctica, algo muito entusiasmante para mim», conclui Pfannenstiel.