José Alberto Costa é director técnico numa academia de futebol nos Estados Unidos da América. O antigo treinador do Varzim estabeleceu-se há cerca de dois anos em Sta. Clara, perto de S. Francisco, na Califórnia, onde tem como função a intervenção e supervisão técnica dos vários escalões da academia. José Alberto Costa deu, ao Maisfutebol, a sua visão sobre o futebol nos Estados Unidos da América.
A análise do técnico português assenta numa certeza: «o nível da MLS está muito abaixo do potencial que o país tem, tanto ao nível dos praticantes como das estruturas». O antigo treinador do Varzim relembra que existem «cerca de quatro a cinco milhões de praticantes, sobretudo jovens», de futebol. Um número infindável se comparado à realidade portuguesa.
O treinador pensa que a mentalidade dos responsáveis americanos foi um factor negativo na expansão da modalidade no país. Quando organizaram o Mundial de 1994, os dirigentes partiram de imediato para uma competição profissional sénior e «depois de no Campeonato do Mundo da Coreia/Japão, em 2002, terem excedido as expectativas, onde até venceram Portugal, caíram no erro de pensar que tudo estava feito» considerou José Alberto Costa. Para o português, os americanos «pensam muito alto e até pensaram em ganhar o Mundial de 2006», tudo porque entendem os resultados da sua selecção A como espelho da realidade do futebol doméstico.
Finalmente mudança para melhor
Agora a opinião é outra. «Acho que estão no caminho certo. Pela primeira vez vai haver verdadeira formação que sustente o futebol nos Estados Unidos. A partir da próxima época, todos os clubes que militam na MLS serão obrigados a ter escalões de formação e as várias competições jovens, que existem de forma paralela, vão ser reguladas» esclareceu o técnico luso. Ao nível dos escalões de formação existem várias ligas que competem entre si e que raramente conseguem colocar jogadores na MLS. «A Federação resolveu regular a balbúrdia e criar um campeonato que forme verdadeiramente jogadores de futebol. Até agora, a maioria dos jogadores que chegavam à liga principal ou vinham das universidades ou eram estrangeiros».
Este é um caminho trilhado por outro técnico nacional, Carlos Queiróz. No final da década de 90, «Queiróz foi contratado para avaliar a situação da formação nos EUA e apontar o caminho a seguir. Na altura, devido a mudanças de dirigentes na Federação não o fizeram, mas parece que agora foram buscar os relatórios» atirou o treinador nacional.
Não é só basquete e basebol
O técnico luso viu chegar «grandes nomes» nos últimos anos, o último deles, David Beckham. «Eles trazem sobretudo visibilidade. A MLS pode ser melhorada se a estes grandes jogadores europeus se aliarem medidas que protejam o futebol jovem. Aí sim podem melhorar a competição profissional» afirmou José Alberto Costa, para quem a paixão dos americanos pelo jogo é inegável. «Eles amam mesmo o futebol. Gostam muito das outras modalidades com mais tradição aqui, mas eu já vi coisas que nem em Portugal. Jogadores a levantar-se cedíssimo e conduzirem centenas de quilómetros para fazer um jogo», concluiu.