Neste verão, David Beckham deixava o Real Madrid e plantava-se sob os holofotes de Los Angeles. Os europeus olhavam para o outro lado do Atlântico e interessavam-se mais sobre o «soccer». Esse também é um dos objectivos de Alexi Lalas, milionário americano, de ascendência grega, que é presidente dos LA Galaxy.
Num país dominado tradicionalmente pelo futebol americano, pelo basquetebol, pelo basebol e pelo hoquei no gelo, Alexi Lalas preferiu o futebol, de bola redonda. «A minha mãe é americana, mas o meu pai é grego. Em miúdo passei alguns anos em Atenas e foi aí que comecei a gostar de futebol. Quando voltei aos EUA, para estudar na universidade, quis jogar», explicou ao Maisfutebol.
Um gosto que não esperava ver tornar-se numa carreira profissional, até porque «nunca foi um sonho». «Não queria ser jogador, mas depois as coisas foram mudando». E mudaram tanto que pertenceu à selecção olímpica americana de Barcelona 92 e à equipa anfitriã do Mundial de 94.
Lalas não faz por menos: quer tornar os LA Galaxy num dos maiores clubes do mundo. «Queremos ser um super clube. Queremos que qualquer pessoa que em Lisboa, no Rio de Janeiro, em Londres, em Seul, pense em futebol, pense nos LA Galaxy». Uma ambição que ultrapassa o seu clube e se estende até ao «soccer» da MLS, que espera, «dentro de alguns anos», se torne o «mais importante desporto americano».
O padrão Beckham
Mundialmente, o nome dos Galaxy é associado a David Beckham, uma ligação que o dono da equipa americana diz não menosprezar, apesar de não ter sido essa a intenção da contratação. «A maior e mais importante razão para a sua vinda é a qualidade como jogador. Vem para competir ao mais alto nível e ajudar-nos a ganhar», assegurou Lalas, admitindo que «é importante ter grandes nomes, para atrairem as atenções e elevarem o nível de jogo».
O dono dos Galaxy considera «incrível», o progresso registado em doze anos de existência da MLS, «bastar ver os novos estádios, os grandes jogadores, o público», disse. Uma evolução favorável que Alexi Lalas não quer ver estagnar. «É importante contratar grandes jogadores. Jogadores à imagem de Luís Figo e Rui Costa, que são bons dentro do campo e têm carisma fora dele. É importante este tipo de jogadores para atrair as pessoas», afirmou.
Ao contrário de outros, que dizem ser a formação dos jovens jogadores americanos a chave para o desenvolvimento do futebol no EUA, o caminho que o milionário americano aponta é a contratação de grandes figuras. Também por isso quis o português Abel Xavier. «Conheci o Abel há alguns anos, num jogo de caridade organizado pelo Figo. Ele é jogador de futebol, mas usou a sua carreira para conhecer o mundo, para aprender. O Abel é um grande jogador e um excelente exemplo para os mais novos», disse.
Melhor do que a Europa até
Lalas diz adorar profundamente o futebol enquanto jogo. «Seja num estádio com 20 mil pessoas, ou ao dobrar de uma esquina num campo de terra, eu adoro o futebol. Sou americano, mas tenho a noção de que faço parte do mundo e, a nível planetário, é o jogo mais importante, o que une mais gente. Gosto muito disso», afirmou.
E, quem sabe, um dia, à semelhança do que já muitos compatriotas seus fizeram, pode vir a investir no futebol do velho continente? «É um negócio interessante, mas requer muito dinheiro, é difícil. Depende muito do tipo de operação. Se for correcta e inteligente, quem sabe, mas agora queremos ser os melhores com os Galaxy».
Alexi Lalas considera que o futebol americano é, em alguns aspectos, melhor que o futebol europeu. «Somos mais competitivos. Na Europa há sempre três ou quatro clubes que vencem os campeonatos, têm mais dinheiro e os melhores jogadores. Aqui, qualquer equipa tem hipóteses de vencer a liga. O tecto salarial, que coloca todas as equipas em pé de igualdade, também é muito positivo» concluiu Alexi Lalas.