Paulino Tavares é mais um dos integrantes da intensa diáspora que, ano após ano, rouba portugueses ao futebol... português. O Maisfutebol descobriu-o na distante Suécia, onde representa o modesto Trelleborg FF, actual oitavo classificado do principal escalão local.
Aos 23 anos, o ex-jogador do Pontinha, Benfica (1998 a 2001, nas camadas jovens), Campomaiorense (2001 a 2004), Créteil Lusitanos (2004-2006), Levallois (2006/2007) e Villemomble (2007) - estes três últimos de França - tenta despertar uma carreira que chegou a ser bem prometedora. Até João Vale e Azevedo chegar à presidência do Benfica.
«Mandou-me embora. A mim e a muitos outros jovens dos escalões jovens. Sem explicações», lamenta Paulino Tavares, que ainda se tenta adaptar a uma realidade necessariamente diferente.
«Cheguei cá em Dezembro de 2007 e no Inverno anoitece às 15h30. Quase não via o sol. Mas a cidade de Malmoe, onde vivo, é agradável e fui muito bem recebido. Os suecos são algo distantes e muito exigentes, mas há excepções. Até têm uma alcunha para mim. Chamam-me Pala, um diminutivo inventado por eles», conta-nos o extremo «direito ou esquerdo, tanto faz» do Trelleborg.
O momento mágico de Paulino
No primeiro jogo como titular, Paulino Tavares deu espectáculo. Frente ao Gais, o português recuperou uma bola na sua área, arrancou impetuoso, galgou 70 metros, driblou um defesa adversário já na área adversária e rematou para o golo. Pelo meio, um ressalto ajudou o português a conquistar os adeptos do Trelleborg (ver vídeo associado). E nem uma zanga recente com o técnico Tom Prahl o esmorece.
«Ele tem um feitio especial. Ainda hoje tivemos um jogo amigável contra o F.C. Copenhaga (Dinamarca) e perdemos por 5-0 porque as pernas pesaram. Ontem treinámos duas vezes e numa delas só fizemos treino físico. Ele stressa muito e controla-nos excessivamente. Mas os adeptos gostam de mim e o senhor Prahl sabe que comigo a equipa joga sempre melhor.»
Em 11 aparições na liga sueca, Paulino soma dois golos. O segundo foi obtido de cabeça numa saborosa vitória no Estádio Rasunda, casa do poderoso IFK Gotemburgo. Paulino, porém, pondera seriamente não continuar na Suécia.
«A época está a acabar, tenho mais um ano de contrato, mas isto está mais para o não do que para o sim. Gostava de regressar a Portugal daqui a dois/três anos, no máximo.»
No reino dos fiordes e do semi-profissionalismo
O Trelleborg FF é uma equipa do meio da tabela na Suécia, mas grande parte dos seus jogadores são semi-profissionais. Paulino, aliás, é dos poucos que faz do futebol a sua única profissão.
O estádio da equipa tem capacidade para dez mil espectadores, um quarto da população total da pequena localidade de Trelleborg (40 mil habitantes).
O português, de todo o modo, elogia as instalações «modernas» do seu clube e regista como «extremamente físico e desgastante» o futebol praticado na Allsvenskan, nome pelo qual é conhecido o campeonato sueco.
«Fui à procura da minha sorte. Saí em grande forma do Campomaiorense, estive à experiência no V. Guimarães e no Fulham, de Inglaterra, e só não fiquei por questões legais.»
E depois da discreta passagem por França, chega a vez do país dos fiordes.

Veja o vídeo de Paulino Tavares: