Miguel Cardoso foi um dos treinadores portugueses que mais se evidenciou em 2018. 

Depois de vários anos como treinador-adjunto, teve a primeira experiência como técnico principal na época 2017/2018 e conseguiu a melhor pontuação de sempre do Rio Ave. 

Futebol atrativo, qualidade de jogo e bons resultados que despertaram o interesse do Nantes, mas a experiência na Liga francesa revelou-se curta. Saiu semanas depois e em novembro chegou ao Celta, e à Liga espanhola, e é em Vigo que agora aplica a sua filosofia.

Desafiado pelo Maisfutebol a escolher os melhores do ano que está prestes a terminar, Miguel Cardoso não teve dúvidas e recordou a passagem por Vila do Conde, o Manchester City e vários treinadores.

Jogo do ano de Miguel Cardoso

«Gostava de destacar o Rio Ave-Sp. Braga, o último jogo da Liga. Ganhámos por 1-0 e exaltou numa só exibição muito daquilo que foi a essência da equipa durante a temporada: o futebol atrativo e um sentimento coletivo muito forte, nutrido por uma ideia de jogo que se tentou impor com qualquer que fosse o adversário, o que por tendência nos fez atingir um resultado final de excelência.»

Momento do ano de Miguel Cardoso

«O momento do ano foi exatamente aquilo que significou a vitória nesse jogo: o apuramento europeu do Rio Ave, o igualar a melhor classificação de sempre do clube e o bater o recorde de pontos do clube na Liga portuguesa e que, por consequência, nos habilitou a entrar como treinadores [Miguel Cardoso e equipa técnica] em duas das melhores Ligas do mundo - França e Espanha.»

Equipa do ano

«O Manchester City, sem dúvida. Aliou o recorde de pontos na Premier League com performances incríveis baseadas num modelo de jogo que valoriza o jogo pelos propósitos em que se baseia, provando que a essência do futebol continua a ser a capacidade de se afirmar pelo ter e jogar com o objeto do jogo - a bola.»

Figura do ano

«Didier Deschamps pelo fato de ter tido a resiliência e a capacidade de levar França a conquistar um Campeonato do Mundo, após ter perdido para Portugal a final do Euro 2016, em Paris. Independentemente de se gostar ou não da ideia de jogo, foi a vitória de um conjunto de jogadores de excelência reunidos em torno de valores coletivos claramente partilhados.»

Figura do ano do futebol português 

«Sérgio Conceição pela capacidade de unir um grupo em redor dele mesmo e ganhar, resgatando a cultura do FC Porto e quebrando a hegemonia que o Benfica tinha marcado nos últimos anos.»

Treinador do ano

«Ainda que possa parecer incoerente não nomear Pep Guardiola, que seria perfeitamente justo, gostava de salientar Zinedine Zidane pela conquista da terceira Liga dos Campeões consecutiva e pela estabilidade e união que impôs num grupo de jogadores tão particular. Permitam-me nomear também a categoria de «treinador português do ano lá fora». Aí saliento Nuno Espírito Santo pelo título no Championship e Vitor Pereira pelo título na China, não esquecendo muitos outros que tanto fizeram e que tão bem nos representam igualmente.»

Jogo do ano

«Tenho alguma dificuldade em me referir a um jogo apenas porque assisti a vários jogos de que desfrutei muito, por motivos diferentes. O França-Croácia da final do Campeonato do Mundo, o Manchester City-Manchester United (2-3), que mostra que José Mourinho é e será sempre dos melhores e uma referência incontornável, o Bélgica-Japão dos oitavos de final do Mundial com um surpreendente Japão a jogar futebol de qualidade contra uma excelente Bélgica, o Liverpool-Man. City (3-0) dos quartos de final da Liga dos Campeões, entre outros tantos jogos nos quais estilos e modelos se confrontaram e nos trouxeram pontos de observação do jogo muito interessantes.»

Desejos para 2019

«Que as sociedades civis se façam reger por valores e princípios importantes como sejam a solidariedade, a igualdade, a justiça e o respeito pelo outro. Que os que vivem no limite da dignidade humana possam reacender de novo a esperança e encontrar caminhos de felicidade. Que os que decidem e têm o poder nas suas mãos assumam a dignidade de decisões que facilitem os propósitos que referi. Em termos pessoais, um ano cheio de saúde para que continue com energia para amar os que me são próximos e continue a construir uma equipa forte e afirmativa no Celta.»

[Artigo originalmente publicado às 23h55 de 23-12-2018]