Vítor Pereira diz que está preparado para abraçar um novo desafio numa «grande liga europeia depois de ter terminado o seu vínculo com os chineses do Shanghai SIPG. Em entrevista ao jornal espanhol Marca, o treinador português faz uma avaliação da sua passagem pela China e traça planos para o futuro próximo.

À frente do Shanghai SIPG, Vítor Pereira quebrou o domínio do Guangzhou Evergrande que tinha sido campeão por sete vezes consecutivas ao conquistar a Superliga chinesa em 2018. «Foi uma experiência fantástica. No primeiro ano conquistámos a Superliga e no ano seguinte também vencemos a Supertaça. Esta terceira temporada foi difícil para toda a gente, mas, em traços gerais, foi uma boa etapa na minha carreira. Agora regressei à Europa porque acho que preciso de um desafio numa grande liga europeia», começou por destacar.

Vítor Pereira, recordamos, chegou ao Shanghai SIPG para substituir o compatriota André Villas-Boas que, na altura, estava determinado em cumprir o sonho de correr no Rali Dakar. «É verdade. Foi com a saída de André Villas-Boas tive a oportunidade de entrar no Shanghai SIPG. No futebol é sempre assim, para alguém entrar, tem de sair alguém», comentou.

A verdade é que Vítor Pereira foi campeão da China logo na primeira temporada. «Esse título significou a quebra da hegemonia do Guangzhou Evergrande. Depois dos sete títulos consecutivos deles, foi para o futebol chinês em geral e para o nosso clube em particular um grande feito. Para um clube que só tinha treze anos de existência e que tinha começado por baixo foi sem dúvida um grande êxito», insistiu.

Já em 2020, o Shanghai SIPG não conquistou títulos e Vítor Pereira explica a quebra de rendimento com a saída do avançado Elkeson para o rival Guangzhou Evergrande. «Na temporada de 2019 tivemos vários problemas. Perdemos Wu Lei para o Espanhol e com isso perdemos velocidade no ataque já não eramos tão vistosos como no ano anterior. Mas estávamos a fazer uma temporada consistente e a conseguir resultados. Mas a meio da temporada também saiu Elkeson e ficámos sem avançados. Ainda por cima saiu para um rival direto e continuou a marcar golos. Para mim foi um erro que cometemos e pagámos as consequências por isso», explicou.

Vítor Pereira deu por concluída a sua aventura na China e fez um balanço muito positivo. «Para mim o futebol chinês foi uma grande surpresa. É bem mais competitivo do que pensava antes de lá chegar. Além do Shanghai SIPG tem várias equipas como o Guangzhou Evergrande, Beijing Guoan, Shandong Luneng o Jiangsu Suning a lutar pelos primeiros lugares. São equipas que podem competir a um bom nível. E também têm jogadores de nível europeu, em relação a qualidade. Foi uma liga que cresceu muito nos últimos anos. Taticamente vi uma evolução em todas as equipas nos últimos três anos», comentou.

Quanto ao futuro, depois de passagens pela Arábia Saudita, Grécia, Turquia, Alemanha e China, Vítor Pereira está determinado em voltar a treinar na Europa. «Decidi regressar por dois motivos. Primeiro, para estar mais perto da minha família, principalmente depois desta temporada em que estive muitos meses sem os ver. EM segundo, os três anos na China foram uma experiência fantástica, mas agora é o momento de treinar numa das cinco grands ligas, preciso de comprovar-me numa delas», destacou.

Apesar de tudo, Vítor Pereira não fecha totalmente um possível regresso à China. «Acho que um dia acabarei por voltar. Mas antes disso quero ver-me a mim próprio numa liga importante europeia. Depois, possivelmente, posso voltar, até porque gostei da cultura do país e do respeito como fui tratado pelas pessoas enquanto lá estive», referiu ainda.