Dos sub-17 do Cova da Piedade à equipa técnica dos Chicago Fire. Esta é a história de Nuno Gomes [à esquerda na foto], mais um treinador português que vai fazer escola para fora, mais concretamente para os Estados Unidos e para a Liga norte-americana de futebol (MLS).

Formado no Sporting, o ex-médio conta com um vasto currículo no futebol português, com passagens como jogador em clubes como Felgueiras, Desp. Chaves, Varzim, entre outros. O ponto mais alto, no entanto, terá sido ao nível de seleção, quando se tornou campeão europeu de sub-16, ao lado de nomes como Quaresma, Raul Meireles, e Custódio. Isto tudo antes de pendurar as botas e sentar-se no banco de suplentes, do outro lado da moeda, como treinador. Começou no Chipre, onde terminou a carreira, e já vai nos Estados Unidos, ainda que como ator secundário. O Maisfutebol conta-lhe a história.

Depois de algumas experiências no Chipre, Gomes regressou a Portugal, para orientar os sub-17 do Cova da Piedade. Após um ano que terminou com um convite para subir um escalão e orientar os sub-18, o técnico de 39 anos vai atravessar o Atlântico e integrar a equipa técnica dos Chicago Fire, como treinador adjunto. Uma história um tanto improvável, mas facilmente contada pelo próprio ao nosso jornal.

«No final desta época surgiu a oportunidade de estagiar nos Chicago Fire, através de um amigo [Aleksandar Saric, treinador de guarda-redes da equipa norte-americana] que tinha jogado comigo no Varzim. Tínhamos falado que eu queria fazer um estágio e as coisas proporcionaram-se de forma incrível, não estava nada à espera de ser recebido assim», começou por dizer, antes de revelar que pediram-lhe para ficar «mais uma semana» do que os dez dias previstos, a pedido do treinador principal do conjunto de Illinois, Veljko Paunovic.

Num primeiro momento, Nuno Gomes ficou apenas a fazer trabalho «na base da observação», aproveitando para tirar notas e fazer perguntas, até que foi convidado para começar a ter intervenção no treino. «Ao 3.º ou 4.º dia o treinador pediu-me para dar um exercício de treino, para orientar uma parte setorial do treino, na zona defensiva. Quis que eu elaborasse o treino e que o fizesse, talvez para me testar.»

Possibilidade de voltar ficou logo «no ar»

A interação com os jogadores «foi fantástica, correu bem», e a possibilidade de voltar «ficou no ar». Nuno Gomes não teve de esperar muito para o telefone voltar a tocar. Agora, o objetivo passa por ir e ficar, pelo menos até ao final da época. Depois, «tudo ficará em aberto».

«Vou no domingo [dois de setembro] e começo a trabalhar na segunda-feira. O contrato de trabalho é até ao final da época desportiva, que acaba em outubro, e o objetivo passa por ficar, caso o Paunovic chegue a acordo para ficar», disse. «Independentemente do clube que for, o treinador [Paunovic] conta comigo para qualquer uma das situações. Não quer dizer que eu diga que sim ou que não, mas quem está no nível dos Chicago Fire não descerá muito desse nível», prosseguiu.

Por falar em nível, como é que se passa de treinar jogadores ainda em fase de crescimento, num clube do II escalão português, para trabalhar numa das melhores equipas norte-americanas, com jogadores de alguma reputação, com o alemão Bastian Schweinsteiger à cabeça? Nuno Gomes explica.

«Em termos de formação tive o privilégio de ser atleta do Sporting durante quase dez anos. Como atleta profissional também joguei sempre na primeira ou na segunda divisão, tenho muito balneário, mas só em termos de formação é que joguei com jogadores daquele nível. O balneário de futebol será sempre um balneário de futebol em qualquer divisão, o respeito e a admiração por alguns é que é diferente, derivado do estatuto e do carisma que têm», afirmou.