Sérgio Conceição foi arrancar um empate a casa de Rui Almeida na quarta-feira e no domingo defronta Leonardo Jardim. Isto passa-se em França, numa Ligue 1 que tem agora nada menos que três treinadores portugueses, não há memória de algo assim num campeonato de alto nível.

Rui Almeida foi o último a chegar, assumiu a meio da semana o comando do Bastia. O treinador que foi adjunto de Jesualdo Ferreira no Panathinaikos, Sporting, Sp. Braga e no Zamalek, além de ter trabalhado na Síria, já conhecia bem o futebol francês. Orientou na época passada o Red Star, na Ligue 2, que deixou em dezembro de 2016. Agora chegou à Córsega e à Ligue 1.

Leonardo Jardim vai na terceira época no Mónaco, a fazer uma campanha brilhante. Líder no campeonato, 117 golos marcados esta época e ainda em todas as frentes, incluindo a Liga dos Campeões, onde terá de tentar dar a volta na segunda mão à desvantagem de 3-5 trazida da visita ao Manchester City. Sérgio Conceição chegou ao Nantes em dezembro e está a conseguir uma recuperação que já tirou o clube da zona perigosa. Por agora está em 11º lugar, sete pontos acima da linha de água.

O Bastia é penúltimo e saiu do jogo frente ao Nantes, uma partida do campeonato em atraso, com um empate. Depois de 90 minutos incríveis. «A estreia foi louca», recorda Rui Almeida ao Maisfutebol no dia seguinte. «Ao fim de nove minutos já estava com menos um jogador...»

Pois, o defesa Djiku viu vermelho por uma entrada logo no décimo minuto, e Rui Almeida ainda teve de fazer uma substituição forçada, por lesão de Diallo. Ainda assim o Bastia reagiu e chegou a ter dois golos de vantagem. «A atitude da equipa foi fantástica», continua o treinador: «Infelizmente sofremos o empate a 10 segundos do fim.»

O Nantes reduziu para 2-1 e ainda desperdiçou uma grande penalidade perto do fim, mas chegou mesmo ao golo no último suspiro. 2-2, um ponto para cada lado num jogo muito intenso. Aqui está o resumo.

Rui Almeida conta que se encontrou com Sérgio Conceição no final. «Conversámos depois do jogo. Já não via o Sérgio há muito tempo», conta. Ainda não falou foi com Leonardo Jardim desde que assumiu o Bastia, há apenas três dias. «No ano passado conversámos, mas agora desde que cheguei ao Bastia ainda não.»

Rui Almeida já esteve em França na época passada, onde liderou o Red Star até muito perto da promoção à Ligue 1: ficou a um ponto da subida. Tem acompanhado o trabalho de Leonardo Jardim, que resume nas palavras qualidade e consistência.

«A consistência diz tudo da sua qualidade. Fico muito contente pela consistência do Mónaco e por estar a lutar pelo título, em posição privilegiada, porque está em primeiro lugar», observa: «Ele está em primeiro lugar de forma consistente, também sempre numa perspetiva de formação de jogadores. Parabéns ao Leonardo.»

Por agora, Rui Almeida não terá de fazer uma análise mais aprofundada ao Mónaco. O Bastia já defrontou a equipa de Jardim, Bernardo Silva e João Moutinho na segunda volta, um empate a uma bola que representou aliás os únicos pontos perdidos pelo Mónaco nos últimos cinco jogos. «Felizmente ou infelizmente já não vou jogar com o Mónaco, não tenho de me preocupar com o Mónaco», sorri Rui Almeida: «Ainda vou jogar com o PSG, mas com o Mónaco não.»

Quanto ao facto de a Ligue 1 ter três treinadores portugueses em simultâneo, Rui Almeida começa por constatar a relevância do facto: «Não é fácil encontrar dois treinadores portugueses num campeonato como o francês, quanto mais três.»

Depois, defende que esse reconhecimento dos treinadores portugueses resulta da competência que demonstram. «Nós somos reconhecidos porque alcançamos resultados. O Zé Mourinho foi claramente a pessoa que abriu esta vaga. Temos vários treinadores ao mais alto nível, o Marco (Silva) em Inglaterra, o Paulo (Sousa) em Itália. Mas a competência tem a ver com resultados.»

É também o reconhecimento do futebol francês aos treinadores portugueses. Que não foi óbvio, pelo menos para Jardim. No final da sua primeira época no Mónaco, quando não foi um dos quatro nomeados para melhor treinador apesar do terceiro lugar no campeonato e de ter chegado aos quartos de final da Liga dos Campeões, Leonardo Jardim chegou a comentar com sarcasmo a forma como foi olhado e as piadas de que foi alvo em França. «Posso ganhar o troféu de melhor pedreiro português», disse então.

Rui Almeida sorri quando recorda esse momento, mas diz que a sua experiência é diferente. «Eu tenho uma experiência interessante. No ano passado cheguei e fui nomeado para melhor treinador da segunda Liga. 17 ou 18 treinadores eram franceses e eu estive entre os nomeados, estive no top-3», constata.

São lutas bem diferentes as dos três treinadores portugueses na Ligue 1. Para Rui Almeida, que assinou por dois anos, a questão é mesmo de sobrevivência, mas o treinador encara o desafio com otimismo. «Tenho expectativas grandes. Venho com a ambição de ajudar o Bastia a conseguir os objetivos, que infelizmente são de manutenção», diz: «Espero que os atinjamos e que na próximo época consigamos apontar a outros objetivos.»