O Monaco foi prematuramente afastado da luta pelos oitavos de final da Liga dos Campeões, ainda antes da visita ao Estádio do Dragão, depois da pesada derrota diante dos alemães do Leipzig (1-4). No campeonato francês, a equipa liderada por Leonardo Jardim prepara-se agora para receber um Paris Saint-Germain extremamente moralizado, depois da goleada imposta aos escoceses do Celtic por 7-1. O treinador português aproveitou o momento para fazer um balanço sobre o projeto do Monaco, considerando que, nesta altura, «não há um problema, há vários».

A verdade é que o Monaco já viveu momentos mais felizes. «Falhámos o nosso objetivo europeu, ainda falta um jogo no Porto [6 de dezembro], mas já não será importante para a classificação, portanto temos de nos fixar noutras coisas. As outras coisas são o campeonato e as duas taças», referiu Leonardo Jardim esta sexta-feira em conferência de imprensa.

Depois da derrota diante do Leipzig, Vadim Vasilyev, vice-presidente do clube, veio dizer que faltou atitude aos jogadores do Monaco. Leonardo Jardim está totalmente de acordo. «Quando consentes dois golos em dez minutos, quando marcas na própria baliza daquela forma e quando dás a bola ao adversário no lance do 2-0, forçosamente, tudo isso faz a equipa cair. Os jogadores não tiveram capacidade para reagir ao início do jogo. É normal que tenhamos caído. Estávamos preparados para jogar a última oportunidade e…ao fim de dez minutos estava 0-2», comentou.

A moral do Monaco está, assim, nas ruas da amargura, mas Leonardo Jardim exige ambição. «A confiança não se compra no supermercado, tens de a adquirir no trabalho. Eu, pessoalmente, estou confiante, acredito no nosso projeto, mas não podemos exigir coisas impossíveis. Esta é a minha quarta temporada e até agora o projeto funcionou sempre. Em quatro anos conseguimos uma meia-final e uns quartos de final da Champions. Acabámos três vezes no pódio do campeonato francês e numa delas fomos mesmo campeões na condição de outsiders. Conseguimos isso tudo com um grupo com doze a quinze jogadores muito jovens. Não vou falar dos números das receitas das nossas vendas que vocês conhecem bem. Somos o sonho de muitos clubes», comentou.

Depois da pesada derrota em casa diante do Leipzig, o Monaco vai agora receber o PSG. «Mentalmente? Cada competição é diferente. Vamos defrontar um Paris que é uma equipa muito forte a todos os níveis, tanto em França, como na Europa. É uma equipa que investiu forte no mercado, comprou dois jogadores que figuram no onze a FIFA [Daniel Alves e Neymar] e ainda o Golden Boy da última época [Kylian Mbappé], além de todos os jogadores que ficaram. São muito fortes», referiu.

Elogios ao adversário que podem significar que o Monaco vai lutar, esta época, pelo segundo lugar. «Temos de continuar a jogar com ambição. Esta época o Paris está acima de todos e os outros estão todos mais competitivos do que a época passada, o Lyon e o Marselha. Temos de tentar manter uma posição que nos classifique para a próxima edição da Liga dos Campeões», assumiu.

Jardim coloca, assim, o PSG num nível superior e o Monaco campeão mais ao nível do Lyon e do Marselha. «O Paris está um nível acima, comprou jogadores de topo, como já vos disse. N´s continuamos com o mesmo projeto de há quatro anos. Quando saem jogadores há sempe dificuldades. Em 20015 vendemos o Kondogbia, Martial, Abdennour e Kurzawa [além de Carrasco e Berbatov] e a época seguinte foi menos positiva. Depois fizemos uma época super a todos os níveis e esta está a ser um pouco mais difícil», comentou.

Já no início da temporada, Jardim já tinha avisado que faltava talento a esta nova versão do Monaco. «Não gosto de dar desculpas. O que nos está a acontecer não tem apenas uma explicação, é o resultado de uma conjuntura. Por vezes falta-nos rigor, consentimos golos infantis e falhamos nas coisas mais simples. Por vezes falta-nos vontade e intensidade. Outras vezes falta-nos qualidade técnica e não tomar boas decisões. Por vezes também é a organização da equipa que deixa a desejar. Não há apenas um problema, há vários», destacou ainda.