O antigo futebolista português Paulo Futre falou do pânico que sentiu quando foi «obrigado» a ser capitão do Atlético de Madrid com 23 anos, sobretudo sendo o único português rodeado de espanhóis.

Durante o discurso no congresso realizado pelo Sporting, «The Future of Football», Futre contou o momento em que descobriu que iria ser capitão colchonero. «Foi o pior dia que passei num balneário, tive pânico. O presidente mais polemico do Mundo, Gil y Gil, no dia seguinte a despedir o nosso capitão, Artecha, chegou ao estádio e veio o delegado ter comigo a dizer que ia haver reunião, que o presidente queria falar comigo», começou

O dirigente falou e Futre respondeu-lhe: «Eu tenho 23 anos e você vai meter um português a ser capitão de todos eles? Você vai-me matar.» «Obrigou-me, não havia hipótese, e saí a tremer», acrescentou.

Na mesma ocasião, Futre contou como lidou com a situação de Aguilera, a quem com 20 anos foi diagnosticado um tumor na tíbia: «O presidente disse que ia fazer um contrato com o Aguilera para cinco, seis anos ou até vitalício se fosse preciso. O tempo passava e eu dava sempre o toque ao presidente para renovar. Ao miúdo não lhe diziam nada e chegou a altura de renovarem comigo.»

Por isso, na altura de o português renovar, Futre encostou o presidente à «parede»: «Ele deu-me a caneta e eu disse 'Vá chamar o miúdo e o empresário. Não me pode fazer isso, você prometeu, tem de fazer isso agora'. E consegui. Assinou à minha frente e fez uma carreira espetacular», relembrou.

Com este gesto solidário pelo colega de equipa, Futre conquistou o respeito de todos no balneário, mesmo sendo o único português rodeado de espanhóis:

«O miúdo ficou e, quando entrei no balneário, foi a primeira vez que vi o respeito que tinham por mim. Nos pequenos detalhes vi o olhar dos meus companheiros. Senti-me pela primeira vez líder e respeitado no balneário. Ninguém pode ser líder aos 23 anos. Alguns nascem, outros fazem-se, e outros são obrigados, que foi o meu caso».