Nos anos 80, o Verão Azul entrava-nos pela casa adentro. Meninos espanhóis pedalavam felizes, expiravam uma miríade de assobios e nós assobiávamos com eles.

Paulinho Alves ainda não era nascido, talvez nem conheça a série televisiva, mas vive com total propriedade o seu Verão Vermelho.      

Aos 17 anos, após superar um adeus difícil ao FC Porto, o prometedor médio prepara-se para iniciar a primeira temporada no histórico Liverpool.

Brilhou ao serviço da Sanjoanense, no Campeonato Nacional de Seniores, convenceu os responsáveis dos reds nos testes efetuados no clube e parte com a perspetiva de chegar a médio prazo ao plantel principal, treinado por Brendan Rodgers.    

São João da Madeira, Portugal, 21 mil habitantes.

Liverpool, Inglaterra, 460 mil habitantes.

Os números parecem ajustar-se à dimensão do salto dado por Paulinho Alves. Na terra dos Beatles e do eterno Steven Gerrard – cuja carreira continuará nos EUA -, o médio português começará entre os sub19 e as reservas, sempre à espera de uma oportunidade de Rodgers.

Em entrevista ao Maisfutebol, a primeira após assinar pelo Liverpool e a poucos dias da viagem para Inglaterra, Paulinho apresenta-se ao público português.

Fala sem problemas da «desilusão» relacionada com o adeus ao FC Porto – onde esteve sete épocas, 2007 a 2014 -, do ano «espetacular» na Sanjonense – estreou-se com 16 anos nos seniores – e do próximo capítulo. E que capítulo!

Este Verão Vermelho, rumo à cidade dos Beatles, merece banda sonora original.
 


2011: Paulinho (à esquerda) com Rúben Neves no FC Porto


O Paulinho ainda não é um atleta conhecido do grande público. Como se descreve?   
«Sou um médio bom tecnicamente, tenho boa qualidade de passe e boa leitura de jogo».

Já esteve em Liverpool. Que realidade encontrou no seu novo clube?
«Cheguei a Liverpool e conheci um mundo novo! As instalações são espetaculares e as pessoas da Academia receberam-me muito bem. Penso que gostaram de mim. Com aquelas condições, os jogadores têm a obrigação de evoluir muito. Espero que isso aconteça comigo».

O que lhe pediram os responsáveis do Liverpool?  
«Para trabalhar muito todos os dias e não facilitar nunca. Os diretores do clube com quem contactei disseram-me que os sub18 e os sub19 têm muitas oportunidades na equipa A. Vão treinar regularmente com o plantel principal. Espero que isso também suceda comigo. Quando acontecer, só tenho de agarrar a oportunidade e demonstrar qualidade».

Parte para Inglaterra com sonhos. Qual é o maior de todos?
«Desde que soube que o meu futuro passa pelo Liverpool, o meu sonho passou a ser jogar em Anfield. Espero um dia cumpri-lo».

Fale-nos do dia em que assinou pelo Liverpool: como viveu tudo isso?
«Estava muito ansioso, estava tudo a acontecer muito depressa, várias abordagens para entrevistas… Foi um dia muito feliz para mim e o concretizar de um sonho, depois de no ano anterior ter passado por uma grande desilusão. Não foi fácil abandonar o FC Porto e rumar a um clube de menor dimensão».

Esteve sete anos no FC Porto, até jogou com o Rúben Neves. Porque saiu do clube?
«Saí do FC Porto porque nas três últimas temporadas no joguei pouco. Não joguei tanto como queria. Senti que já não era feliz lá. Decidi sair porque senti que ia ter mais uma época em que não jogaria regularmente».
 


Paulinho (2º da esquerda) com colegas da Sanjoanense


E nessa altura surgiu a Sanjoanense, o clube da sua terra…
«Decidi vir para a Sanjoanense porque tinha a possibilidade de integrar o plantel sénior. Com 16 anos. Acabei por ter uma das épocas mais felizes da minha vida».

Tem algum ídolo no mundo do futebol?
«Não tenho ídolos, mas jogadores que admiro muito. O Maradona e o Messi pelo talento inato, e o Cristiano Ronaldo pelo que trabalha diariamente para estar sempre no topo».

Que conselhos recebeu dos seus país para esta nova etapa na vida?
«Os meus pais aconselharam-me a ser feliz, a fazer sempre o que mais gosto e a ser humilde. Sempre humilde e respeitador».

Quer deixar alguma mensagem às pessoas da Sanjoanense?
«Quero agradecer do fundo do coração a essa grande instituição. Foi um ano espetacular para mim. Agradeço ao mister Carlos Santos, foi ele quem me convenceu a jogar no clube. E ao mister Pepa, por ter apostado em mim nos seniores e por me ter feito evoluir. Os meus colegas de equipa trataram-me sempre muito bem, receberam-me de uma forma espetacular».