A 1.ª mão da Supertaça espanhola entre Barcelona e Real Madrid chegou a ameaçar tornar-se numa desilusão.

À meia hora, os condimentos habituais daquele que muitos consideram o mais «eletrizante» duelo do futebol mundial tardavam em aparecer. Virtuosismo, irreverência, limites de velocidade ultrapassados por larga margem e nervos levados ao extremo. Nada disso se via em Camp Nou.

FILME E FICHA DE JOGO

Pasme-se o leitor: o mais semelhante a um «El Clásico» que se via na Catalunha era uma entrada dura de Casemiro sobre Messi, que gerou o primeiro sururu na cancha.

Tudo isto sem Ronaldo, o que explica parte da chama menos viva. O avançado português começou o jogo no banco e foi lançado para os 30 minutos finais, numa altura em que a temperatura lá dentro já era elevada. Com ele, o mercúrio subiu até níveis quase insustentáveis.

Rasgado pacto de não-agressão, Barça e Real Madrid começaram a espalhar o perfume do costume já perto do final da primeira parte, mas foi Piqué a desbloquear involuntariamente um jogo que ameaçava passar anónimo no meio de tantos outros entre estes dois rivais.

Na tentativa de intercetar um cruzamento de Marcelo, o central acabou por trair Ter Stegen e pôr o Real na frente

O golpe para o Barcelona, foi uma tremenda notícia para os amantes do futebol, que assistiram a partir daí a uma segunda parte de cortar a respiração. Momentos longos de apneia, fomentados pela entrada de Ronaldo em campo, que seria herói e vilão em Camp Nou

Mas não antes sem Messi voltar a fazer das dele, ainda que aquém da magia do costume em quase toda a partida. Na conversão de um castigo máximo a castigar penálti duvidoso de Navas sobre Luis Suárez, o argentino repôs a igualdade.

O Barcelona cresceu e empurrou o Real para o seu reduto. Ameaçou a reviravolta e os blancos davam sinais de vida em contra-ataque. Foi dessa forma que CR7 disse «sí» pela enésima vez num «El Clásico». Depois de matar de peito para Isco, o português virou-se numa corrida desenfreada na direção da área contrária para receber do companheiro e disparar um míssil que só parou na baliza culé.

Herói e vilão, dissemos acima. A estadia de Ronaldo no relvado do Camp Nou foi curta mas intensa. O português entrou, marcou, viu o amarelo nos festejos do golo e foi expulso praticamente a seguir por tentar, no entendimento do árbitro, cavar um penálti num lance com Umtiti.

Cinco minutos loucos no qual couberam dois golos e uma expulsão. Montanha-russa de emoções.

Órfão do melhor do mundo, o Real defendeu-se como pôde e fê-lo com competência cristalina. Mais: resolveu o jogo (e talvez a eliminatória) através de um petardo de Marco Asensio em mais um contra-ataque venenoso.

Venha mais disto na próxima quarta-feira, artistas. Mas desta vez cheguem a horas.