Um dia depois de José Mourinho ter contestado as críticas de Jamie Carragher (e de Graeme Souness), referindo que este «esqueceu tudo aquilo que fazia em campo», o antigo defesa do Liverpool voltou a deixar reparos à postura do técnico português do Chelsea.
 
«A primeira coisa que precisam saber sobre José Mourinho é o quanto ele gosta de ganhar. Isso é tudo para ele, seja a Liga inglesa, a Liga dos Campeões ou um jogo de caridade. No verão passado ele comandou a equipa do Resto do Mundo no evento Soccer Aid, e eu joguei pela equipa inglesa do Sam Allardyce. Para segurar a vantagem que a sua equipa tinha, o José Mourinho, com um brilho nos olhos, falou com o James McAvoy, ator de Hollywood que ia ser lançado no jogo. Pouco depois o James caiu no chão com uma «lesão». O trabalho foi feito e eles ganharam 4-2», relatou Carragher num artigo de opinião publicado pelo «Daily Mail».
 
O antigo internacional inglês considera que «as conquistas de Mourinho são inquestionáveis», e que «daqui a alguns anos será visto como um dos melhores treinadores de sempre, especialmente se continuar a conquistar um troféu a cada 35 jogos, como até agora». «Mas será que vai ser adorado? Os adeptos do Chelsea adoram-no. Os do Porto e do Inter também. E para além disso? É discutível», acrescentou.
 
Carragher questiona se «os troféus são mais importantes do que criar boas memórias». «Eu diria que sim, mas ao longo da minha carreira ganhei dez troféus importantes mas nenhum dessas equipas é lembrada como uma equipa de topo. Para ser sincero isso aborrece-me, especialmente quando oiço dizerem como era espetacular a equipa do Newcastle de 1995/96, treinada pelo Kevin Keegan, ou quão entusiasmante era a equipa do Leeds que foi às meias-finais da Liga dos Campeões em 2000. Praticavam um futebol rápido e excitante, mas o que ganharam? Nada», escreveu.
 
O ex-jogador recordou o Real Madrid da década de 50, o Ajax dos anos 70, do Brasil de 1982, do Milan do final da década de 80 e também do Barcelona de Guardiola. «Mourinho é tão bom a ganhar troféus como Guardiola, mas a marca deixada pelo futebol que as suas equipas praticam é incomparável», defendeu.