Luís Castro despede-se do Al Duhail nesta sexta-feira, com a disputa da final da Taça do Qatar, mas para além da mudança em vista para o Botafogo, o técnico português pensa também na guerra na Ucrânia.

«Aquilo que passa na TV, as mensagens de amigos, a distribuição em Kiev, faz-nos pensar. Como pode acontecer isto a um país que ama tanto a liberdade, e numa cidade com quatro milhões de habitantes, tão aberta ao mundo? Penso nisso, especialmente porque há dados novos a cada segundo. Penso nesta guerra sem sentido, que só pode ser explicada por um desejo desesperado de poder, sem qualquer consideração pela vida humana», referiu o antigo técnico do Shakhtar Donetsk.

«A vida era completamente normal na Ucrânia. Nunca senti a mínima insegurança, o mínimo receio. Falávamos da tensão com a Rússia, mas no fim das contas não era a maior preocupação. Sempre falámos de pró-russos e anti-russos, mas isso não poluía as nossas vidas. Sabíamos que existia um perigo, mas ninguém imaginava isto», acrescenta ao jornal francês L'Equipe.

Luís Castro não poupa críticas aos líderes mundiais, aos quais pede que tenham uma intervenção concreta.

«Devem ter vergonha do que está a acontecer. Não podem falar de economia ou de outra coisa qualquer. Nada pode estar acima da paz. Estou chocado com o que se passa, mas ainda mais surpreendido por não sermos capazes de parar esta loucura. Continuamos a dizer que estamos a fazer o máximo, mas não estamos. Esta semana vi os presidentes de Polónia, Rep. Checa e Eslovénia em Kiev. Que outros se levantem das cadeiras. Já chega! Não estão lá só para resolver os pequenos problemas do dia a dia», referiu Luís Castro.