Menos de uma semana depois de ter sido afastado do comando técnico do Mónaco, Leonardo Jardim dá uma entrevista ao L'Equipe para «repor algumas verdades e depois deixar o clube seguir o seu caminho».

O técnico português lembra que evitou a despromoção na época passada - na qual foi também despedido e mais tarde acabou por voltar -, e defende que o Mónaco estava bem lançado para alcançar os objetivos traçados.

«A presente temporada começou muito mal. Só construímos a equipa no final de agosto e deitámos fora a pré-época. Até o vice-presidente do clube assumiu a responsabilidade por esse mercado tardio, alegando falta de experiência e outras coisas», começa por dizer Jardim, referindo-se a Oleg Petrov, que assumiu o cargo em fevereiro.

«Nunca senti que era o treinador dele. Aos seus olhos era o treinador do presidente e talvez de Vadim [Vasilyev, anterior vice-presidente], antes. A decisão tomada é um pouco consequência disso.

O técnico português lembra que o Mónaco fez apenas dois pontos nas primeiras cinco rondas, mas depois, até ao final do ano civil, fez mais 26 pontos em 13 jogos.

«É por isso que continuo surpreendido com a decisão tomada no natal. Desportivamente estávamos em condição de alcançar o objetivo, que era ficar no pódio. Se faltavam alguns pontos não era por responsabilidade exclusiva da equipa técnica», refere o técnico, demitido nas férias natalícias, nas quais esteve na Madeira.

«Senti que havia muito ruído, e pensei que estava a passar-se algo que eu não conseguia controlar. Mas não gosto de antecipar cenários. Após o natal Oleg ligou-me a combinar uma reunião, e aí percebi logo o que se estava a passar (...) Disse-me que foi a pedido seu que o presidente tomou a decisão.», recorda.

Leonardo Jardim assume mesmo que pediu para sair a meio de agosto, perante as dificuldades para construir o plantel, mas garante também que saí mais tranquilo do que há um ano.

«Sinceramente, não me arrependo. Não podia dizer não ao presidente. E porque o arrependimento seria maior se o Mónaco fosse despromovido. O meu nome ficaria associado a isso, e não queria», garante.