Bernardo Silva, em entrevista ao jornal espanhol «As», recordou a sua carreira, passo a passo, desde a formação do Benfica, passando pela ascensão no Monaco, até à afirmação no Manchester City. Deixou elogios a Leonardo Jardim e a Pep Guardiola e, no final, deixou a ambição de voltar ao Benfica para colmatar uma lacuna na sua carreira: «Quero jogar na equipa principal do Benfica».

O internacional português destacou-se sempre com um dos melhores do Benfica em todos os escalões, mas acabou por deixar o clube sem jogar na equipa principal, mas não guarda qualquer rancor a Jorge Jesus, o treinador que lhe bloqueou o último patamar.

«Não guardo rancor a ninguém. Todos os treinadores têm as suas opções e as suas preferências. Naquele momento o treinador do Benfica não contava comigo e tive de seguir a minha vida. Tomei uma decisão muito boa que foi ir para o Monaco onde tive três anos incríveis que permitiram estar agora no City com o Pep e até agora tem sido magnífico», começa por contar.

Bernardo acabou por rumar ao Monaco onde encontrou Leonardo Jardim, um treinador que lhe permitiu saltar para a ribalta. «Cada treinador tem uma forma diferente de olhar para os jogos e há os que preferem um tipo de jogadores e outros elegem jogadores com outras características. Tive sorte de ter o Jardim no Monaco e outros portugueses como o Ricardo Carvalho e o João Moutinho que me ajudaram muito no início. No Monaco foi tudo bom para mim», comentou.

Com apenas 19 anos, Bernardo pegou de estaca no Monaco. «Era um Bernardo Silva que ainda não sabia se tinha nível para jogar numa equipa que estava na Liga dos Campeões e que estava a lutar por títulos. Chegar ao Mónaco e perceber que tinha esse nível foi fantástico. A minha primeira temporada no Mónaco foi uma experiência muito boa», recorda.

Um Mónaco de luxo que, além dos portugueses, contava com Martial, Carrasco e já tinha um Mbappé a despontar. «O Mbappé chegou na minha última temporada pelo Mónaco, mas havia grandes jogadores quando cheguei: Berbatov, Martial, Moutinho, Kondogbia, Fabinho, Mendy, Bakayoko, Sidibé, Falcao e Mbappé, especialmente nos últimos seis meses, quando começou a jogar mais. É um jogador distinto, toda a gente o conhece, ainda vai fazer coisas muito especiais no futebol», lembra.

O sucesso no Mónaco acabou-lhe por abrir as portas da Premier League. «Desde pequenino que sonhava com as melhores ligas e a Premier League estava entre elas. Sonhava com isso e ao terminar no Monaco a ganhar a liga francesa e a chegar às meias-finais da Liga dos Campeões, achei que era a altura boa para sair e procurar algo novo. Escolho bem porque toda a gente no clube, staff e jogadores e adeptos receberam-me todos muito bem. Sinto-me muito bem aqui», comentou.

 

Depois de Leonardo Jardim, Bernardo encontrou mais um treinador marcante. «A forma como Guardiola olha para o futebol é muito diferente de todos os outros treinadores que tive antes. Quando cheguei precisei de um tempo para me adaptar, para perceber tudo o que ele pretendia e aprendi imenso. A melhor decisão da minha vida foi ter ido para o City e aprender todos os dias com Guardiola e com todos os meus companheiros», contou.

No Benfica, Bernardo não chegou a treinar com João Félix, agora estrela no Atlético Madrid, mas acabou por o encontrar mais tarde na seleção. «Treinei com ele algumas vezes na Seleção Nacional e tem um potencial como vi em poucos», comentou.

A conversa também passou por outras figuras do Benfica, como Eusébio e Chalana, mas quando o jornalista falou em Chalana, Bernardo interrompeu-o. «Chalana! Foi meu treinador no Benfica. Além do jogador que foi, que eu nunca vi jogar, mas o meu pai e o meu avô falavam-me muito dele. Além de ter sido meu treinador e um dos melhores jogadores da história de Portugal, o Chalana também é meu amigo. Uma excelente pessoa», destacou.

O internacional português revelou ainda que tem apenas uma tatuagem, «o lema do Benfica», «todos por um», e revela o sonho final. «Nunca joguei na equipa principal do Benfica e um dia quero fazê-lo», referiu ainda.