Bernardo Silva teve um ano de sonho. Trocou o Benfica B pelo Mónaco, a II Liga portuguesa pela Liga francesa e a Liga dos Campeões. Mudou-se primeiro por empréstimo, mas em janeiro o emblema francês pagou 15,75 milhões de euros pela compra do passe. A promessa portuguesa tornou-se um elemento influente no Mónaco e termina a época na seleção principal, mas também convocado para o Europeu de sub-21.
 
«A nível pessoal não podia ter corrido melhor. Comecei sem jogar muito, como é óbvio, pois tinha de adaptar-me, e acabei a época a fazer quase todos os jogos. Fiz mais de quarenta jogos. Foi um excelente ano para mim», disse o esquerdino, num evento de promoção das novas chuteiras da Adidas, conduzido pelo jornalista Rui Pedro Braz.
 
Leonardo Jardim disse recentemente que Bernardo Silva é agora um jogador muito diferente do que era em agosto, e o próprio concorda. «Sinto que evoluí muito. Estava numa realidade completamente diferente, a jogar na II Liga, e passei para a Liga dos Campeões e para a Liga francesa, que é muito competitiva. Sinto que me ajudaram muito e consegui acabar a época num nível muito mais alto do que comecei», afirmou.
 
Mas não se julgue que foi fácil, no entanto. «Aconteceu tudo muito depressa. Passei da II Liga para a Champions, que é a prova que toda a gente quer jogar. É um orgulho. Tive de adaptar-me muito rápido. Felizmente tive o apoio de muita gente no Mónaco, nomeadamente os portugueses. Adaptei-me bem, mas claro que foi um passo muito grande e não é fácil passar de um nível médio para um nível tão alto. Estou muito contente por isso», assinalou.
 
Se a nível individual a época foi um sucesso, a nível coletivo o balanço não é muito diferente: «Podíamos ter feito algo mais, mas acaba por ser uma temporada bastante positiva. Estivemos quase nos lugares de despromoção e fomos até ao terceiro lugar. Chegou até uma altura em que podíamos sonhar com o segundo lugar, ou mesmo com o título», recordou.
 
A adaptação reporta também para a mudança para o Principado, que acabou por ser relativamente fácil. «São dois quilómetros quadrados. É muito pequeno. Ao fim de uma semana já conhecia as coisas mais importantes. Há um nível de vida bastante superior ao que se vê aqui, até porque Portugal está em crise. Passado um mês habituas-te a ver coisas tão boas, e passa a ser normal», explicou.
 
Embora seja um «10» de origem, Bernardo Silva jogou sobretudo como ala, algo que não estranhou: «Fui-me adaptando e agora, sinceramente, sinto-me bastante bem a jogar aí, sinto-me confortável. Gosto muito de jogar nessa posição.
 
Esta variável tática alimenta as comparações com James Rodríguez, que saiu do Mónaco para o Real Madrid, mas Bernardo diz que isso «é um exagero». «O James é um dos melhores jogadores do Real Madrid e, consequentemente, um dos melhores jogadores do mundo. Por jogar nas mesmas posições é claro que me identifico com ele. Claro que é uma referência, pois é um dos melhores do mundo, e as últimas épocas têm sido incríveis», explicou, antes de apontar Iniesta como outra referência.
 
«É dos melhores jogadores de sempre. É uma referência, e sempre que o vejo tento retirar o que de melhor consigo. A maneira como ele analisa o jogo, como decide. É dos melhores jogadores de sempre, uma referência para mim», acrescentou.
 
A evolução de Bernardo Silva permitiu-lhe também chegar à Seleção Nacional quando tem ainda idade para representar os sub-21: «Aconteceu tudo muito rápido. O objetivo de qualquer jogador é chegar à Seleção, e eu também tinha esse sonho, como é óbvio. Fico muito contente por atingi-lo aos 20 anos, e espero continuar aqui assiduamente, por muitos anos. É um orgulho jogar com os melhores de Portugal.»
 
O esquerdino está ao serviço da seleção principal, que prepara o jogo com a Arménia, de apuramento para o Euro2016, mas está igualmente convocado para o Europeu de sub-21, e aguarda essa oportunidade com expectativa.
 
«O nível da seleção sub-21 é muito forte. O Europeu é uma competição importante, e espero lá estar. É uma competição que quero jogar muito, é um orgulho fazer parte da seleção AA e dos sub-21. Vai ser um prazer jogar essa competição», disse Bernardo.
 
As «esperanças» portuguesas qualificaram-se com dez vitórias em igual número de jogos, e apresentam-se entre as principais candidatas à conquista da prova: «Acredito que é possível. É sempre o objetivo de Portugal. Temos uma mentalidade vencedora. Claro que não é fácil, todas as seleções são fortes, mas claro que o objetivo tem de ser ganhar. Fizemos uma qualificação muito boa, temos uma equipa muito forte, e vamos dar o nosso melhor para chegar o mais longe possível, que é estar na final e conseguir trazer o troféu para casa.»