Depois de um triunfo e um empate nas primeiras jornadas do campeonato francês, o Lille de Paulo Fonseca tem um teste complicado já no próximo domingo, perante o Paris Saint-Germain. O técnico português garante que a sua equipa não vai abdicar de querer manter a posse de bola, seguindo a filosofia que tem aprimorado ao longo dos anos.
«Tenho estudado bastante, sobretudo neste último ano. Acompanhei muitas equipas e obviamente que isto traz alguma mudança na nossa forma de ver as coisas. Temos também as nossas vivências. Passar pelo Shakhtar e por Itália foi muito importante para mim. Em Portugal, por vezes, vivemos quase dentro de uma bolha. Fechados nas nossas ideias. O facto de estar fora, abre-nos para diferentes formas de ver o jogo. Também sou um treinador mais velho, mais experiente. Como pessoa não mudei, nem na forma de passar as minhas ideias», vincou em entrevista à ELEVEN Sports.
No Lille, Paulo Fonseca encontrou uma equipa capitaneada por um português, José Fonte, que tem sido um aliado. «Tem sido muito importante para nós equipa técnica. Tem ajudado em diversos aspetos. Não o conhecia. Já tinha uma imagem dele. E o que tinha saiu reforçado. Além de ser um excelente profissional, é também um jogador inteligente. Está a surpreender-me sobretudo na construção. Diziam que não era um aspeto forte nele e tenho visto o contrário. É uma voz muito ativa no balneário e temos uma relação muito estreita com ele.»
Outro defesa-central que surpreendeu o técnico foi Alexsandro, que subiu a pulso nos campeonatos profissionais portugueses e, depois de uma excelente temporada ao serviço do Desportivo de Chaves, foi anunciado como reforço do Lille nesta janela de mercado.
«Este ano vi alguns jogos da II Liga. E em conversa com o meu agente, falámos num central que estava no Chaves. Tive a curiosidade de ir ver e fiquei extremamente agradado. Do ponto de vista físico, é muito poderoso, muito agressivo, impetuoso e rápido. Mas precisa de ser moldado. É uma nova realidade para ele. Há alguns princípios que não domina, mas estamos a trabalhar para que ele os possa conhecer melhor. É um jovem com grande futuro, porque tem uma qualidade imensa», projetou.
Paulo Fonseca destacou ainda a «importância» de segurar o avançado Jonathan David neste mercado e assumiu que já esperava a saída de Renato Sanches.
«Um excelente jogador. Não estive muito tempo com ele porque não participou em muitas sessões [de treino]. Mas foi fácil de ver que é um jogador de muita qualidade. Para outro nível. Além de que é uma excelente pessoa. É um cenário que já sabia que podia acontecer e ainda bem para ele. Desejo-lhe a maior sorte, menos jogos em que nos defrontarmos», vincou.
O técnico destacou que «os portugueses dão cartas em quase todos os campeonatos» e abordou o caso de Diogo Jota, com quem trabalhou no Paços de Ferreira.
«Apanhei o Jota ainda muito jovem, com idade júnior. Era difícil prever que chegaria ao Liverpool. Mas já se percebia que era diferenciado. Muito inteligente, tecnicamente forte. Muito corajoso a assumir situações de um para um. Estou surpreendido por ter chegado ao Liverpool, mas chegou de forma meritória. E, se calhar, não para por aqui», atirou.
Paulo Fonseca já admitiu que andava ocupado com as mudanças para a nova casa e, por isso, não era assíduo nas aulas de francês. Ora, o problema parece estar aí para durar.
«Tenho ido [ao IKEA] bastantes vezes. Mas ainda não está totalmente mobilado. O tempo não tem sido muito. Mas tem dado mais trabalho do que estava à espera. Aos poucos, vai-se fazendo», brincou.