Rui Vitória é neste momento um treinador livre e olha para o mercado brasileiro com bons olhos para prosseguir a carreira, embora tenha rejeitado propostas daquele país no passado.

«Já surgiram situações possíveis de acontecer, depois, por uma ou outra razão, não aconteceram, particularmente mais do meu lado, mas o Brasil é um país muito aliciante para trabalhar», começou por dizer no WiBCast.

Apesar da admiração pelo campeonato brasileiro, o técnico português assume que também «tem coisas más».

«Uma delas é o aspeto menos positivo, a facilidade com que se troca treinadores e isso para quem gosta de trabalhos estáveis, organizados - e se olharem para o meu trabalho são projetos mais longos - mexe um bocadinho sobre aquilo que nós às vezes entendemos como estabilidade para se fazer um trabalho. Por outro lado, tem um aliciante muito grande que é uma qualidade de jogadores fantástica, uma competição enorme que qualquer equipa ali pode, de repente, ser campeã. É um país onde eu acho que se pode acrescentar, onde há ali algo a fazer», observou.

«Com certeza não vou ensinar àqueles jogadores a driblar e a chutar, porque isso eles dominam de alto a baixo, se calhar podemos ir por outras áreas», acrescentou.

Em 2018, depois de deixar o banco do Benfica, Vitória rumou aos sauditas do Al Nassr, sobretudo pela vertente financeira.

«Quando eu saí do Benfica pensei: 'Em Portugal, treinámos um clube de enorme dimensão, isto agora tem de seguir para o estrangeiro'. Primeiro, não vamos negar que as condições que me foram propostas quando saí foram muito boas, quase aquela coisa de dizer que não podíamos recusar. Depois, também foi: 'Vamos lá conhecer o mundo'. Foi essa procura de conhecer uma nova realidade e uma nova cultura que também me atraiu», explicou.

Quanto aos melhores momentos da carreira, o técnico de 52 anos destaca a conquista da II Liga com o Fátima e a passagem por um «clube muito especial», como o Vitória de Guimarães, onde se apaixonou pelos adeptos. Ainda assim, foi no Benfica que atingiu o «topo do futebol nacional».

«Foi um trabalho muito interessante, primeiro porque o Benfica é um porta-aviões, é um clube gigante. Depois, pelas circunstâncias. O clube tinha sido campeão nos anos anteriores, eu vinha do Vitória, portanto, era um treinador que estava numa forma progressiva e, de repente, demos reposta e conseguimos vencer. Fomos também à Liga dos Campeões, vindos de um clube mais pequeno e de uma forma gradual, às vezes contra tudo e contra todos, contra muitas dificuldades, foi um trabalho muito meritório. Benfica, Sporting e FC Porto representam um país e têm uma dimensão muito grande», notou.

Vitória admitiu também que treinar uma seleção é algo que o «alicia». «Em relação a seleções, é algo que ele já me aconteceu, quando surgiu o convite eu pensei que até podia ser interessante, porque eu tenho esta visão, não uma visão tão momentânea da situação, mas gosto de me meter nas organizações dos clubes, de pensar como é que o jogador cresce, de falar com vários departamentos, mais do que ser treinador daquela equipa.»

Rui Vitória está sem clube desde dezembro último, quando deixou o comando dos russos do Spartak de Moscovo.

O WiBCast com Rui Vitória: