Seis meses depois de chegar ao FC Basileia, Paulo Sousa faz um retrato entusiasmado sobre o clube. O treinador português encontrou um clube habituado a ganhar a nível interno e disposto a ser um nome cada vez mais escutado e respeitado nas provas da UEFA.

Na entrevista exclusiva ao Maisfutebol, Paulo Sousa fala ainda sobre o campeonato helvético e as ideias que tem enquanto treinador de futebol. O discurso, pensado e maduro, é um decalque da imagem transportada por Paulo Sousa como médio de excelência durante anos a fio. 

O FC Basileia tem dominado o futebol suíço nos últimos anos. É um clube com capacidade para triunfar na Europa também?
«O Basileia é um clube muito bem gerido e tem tido um grande sucesso nos anos mais recentes. Estamos agora a tentar evoluir, a melhorar ainda mais, competindo regularmente com a elite das provas europeias na Liga dos Campeões. Os adeptos preocupam-se muito com a vida do clube e têm sido fundamentais nesta época. São incansáveis e percebem o que estamos a construir».

Em que patamar coloca a liga suíça, em comparação com a portuguesa, por exemplo?
«É uma liga muito competitiva, fisicamente exigente, tem um bom nível tático e técnico. Estou familiarizado com este campeonato há alguns anos, mas é difícil compará-lo com a liga portuguesa. Na Suíça existem dez clubes no primeiro escalão e em Portugal há 18. A cultura e o próprio clima são muito diferentes, mas estou certo de que os dois campeonatos têm uma qualidade muito semelhante».

QPR, Swansea, Leicester, Videoton, Maccabi Telavive e, agora, Basileia. É este o desafio mais ambicioso da sua carreira de treinador?
«O Basileia preenche completamente a minha ambição. Eu e a direção estamos em sintonia, queremos ser bem sucedidos, progredir, conquistar troféus. Quero lutar pelo título nacional, ser competitivo nas provas europeias e desenvolver o estilo de jogo do Basileia, colocá-lo à minha imagem. Todos os clubes que treinei foram desafios interessantes. Nesta altura estou encantado por poder trabalhar no Basileia».   

Lidera o campeonato com oito pontos de vantagem [sobre Zurique e Young Boys]. Que leitura faz da situação do Basileia nessa prova?
«Progredimos muito durante a primeira metade da temporada. Tanto no estilo de jogo como nos resultados. Os jogadores têm confiança nos nossos métodos e apreciam o que estamos a tentar atingir. Têm respondido muito bem aos nossos métodos. Para a segunda metade da época vamos procurar o mesmo, apesar de sabermos que todos os clubes helvéticos elevam o seu nível quando jogam contra o Basileia. Temos de estar pronto para esses desafios».

Foi fácil impor o estilo de jogo que pretende no Basileia ou o Paulo teve também de se adaptar a uma cultura distinta?
«Em todos os lados onde estive - enquanto técnico - tive de me adaptar e fazer algumas modificações. Quero que as minhas equipas joguem um futebol atraente, assente na qualidade do passe, com intensidade. Mas isto pode demorar algum tempo. Sempre que chego a um clube novo levo a minha metodologia de treino e filosofia de jogo. O Basileia perdeu jogadores importantes antes da minha chegada [o guarda-redes Yann Sommer e o avançado Valentin Stocker], ou seja, tive de trabalhar muito a integração de novos atletas, oriundos de diferentes países. Isso leva tempo. Os jogadores do meu plantel perceberam o que lhes propus enquanto técnico e têm trabalhado no duro para se adaptarem também. Agora, eventualmente, beneficiaremos todos disto».