Fica em Zagreb um dos balneários mais portugueses da Europa. São cinco, mas há que contar também com Soudani, o antigo avançado do V. Guimarães que também entende e se faz entender em português. Eduardo, Ivo Pinto, Gonçalo Santos, Paulo Machado e Wilson Eduardo compôem de resto o quinteto luso da equipa que foi nove vezes seguida campeã da Croácia e investiu forte este ano, também a olhar longe na Liga Europa. Wilson Eduardo chegou esta época, mas ao fim de dois meses sente-se perfeitamente integrado. E preparado para cortar em definitivo o cordão umbilical que o liga ao Sporting há 12 anos.

«Está a correr tudo bem. É uma nova experiência, que me vai fazer crescer», conta Wilson Eduardo ao Maisfutebol. «Apesar de ser um país novo, com língua diferente, hábitos diferentes, tudo diferente, integrei-me bem. As pessoas receberam-me bem.»

«Também tive a ajuda dos portugueses, claro, foi bom para mim», observa, ele que foi o último do contingente português a chegar ao Dínamo Zagreb. Ivo Pinto já lá estava há um ano, no início do verão chegaram os outros reforços portugueses.

E então, fala-se mais português que croata no balneário? Wilson Eduardo sorri: «Somos 12 estrangeiros. Seis falam português, e estou aqui a incluir o Soudani, que também fala a língua. Depois há quatro sul-americanos, meio em castelhano acabamos também por nos entender. Os croatas são jogadores jovens, conseguimos também uma boa ligação com eles.»

Wilson está ligado ao Sporting desde cedo, mas passou por sucessivos empréstimos: Real Massamá, Portimonense, Beira Mar, Olhanense, Académica. Só se estreou na equipa principal dos leões no arranque da época passada, com Leonardo Jardim. Fez 25 jogos pelos leões, mas depois de um bom início de época foi perdendo espaço e influência.

«Comecei bem a época, como titular, algo que a maioria das pessoas nem estava à espera. A certa altura quebrei, a nível de regularidade, depois na reta final da época acabei a jogar menos», observa, com dificuldade em falar das razões que levaram a essa quebra: «Pode ter sido por muitos motivos. Aconteceu, foi notório. Mas continuei a trabalhar como sempre.»

«Este ano podia ser diferente, ou não, mas tomei esta decisão», analisa: «Foi uma oportunidade que surgiu. As pessoas falaram comigo, deram-me a entender que iriam apostar forte em mim e chegámos a um consenso.»

Wilson já fez cinco jogos esta época pelo Dínamo, tendo marcado um golo. Tem sido opção regular para Zoran Mamic, o treinador que assumiu o Dínamo a meio da época passada, tal como os outros portugueses. Na Croácia, a época corre sobre rodas. O Dínamo lidera tranquilo, com oito vitórias e um empate em nove jogos.

Na Europa, depois de afastado na terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões pelos dinamarqueses do Aalborg, o Dínamo passou o Petrolul no play-off e entrou na fase de grupos da Liga Europa com uma goleada frente a outra equipa romena, o Astra (4-1). O argelino Soudani marcou três golos, um deles a passe de Wilson Eduardo.

A aposta do Dínamo, admite o português, é mais alta do que apenas a liga croata. O Dinamo Zagreb é campeão há nove anos consecutivos. Este ano quer a mesma coisa. E quer passar a fase de grupos da Liga Europa», afirma: «É um objetivo que toda a gente tem, passar a fase de grupos. Foi-nos dado esse feed-back por parte do presidente, quando falou connosco.»

Wilson sente-se bem integrado neste projeto, e preparado para ficar em definitivo no Dínamo, se o clube exercer no final da época a opção de compra. Nesta altura, garante, não pensa no Sporting.

«O meu objetivo é só o Dínamo. Eles no final da época têm nas mãos a decisão da opção de compra. Eu vim sabendo dessa possibilidade e é natural que queira continuar aqui. Se os responsáveis do Dínamo assim não entenderem, volto ao Sporting», observa.

Até lá, vai continuar na Croácia, com um regresso ocasional a Portugal, onde está a família. Deve vir em outubro, aproveitando a paragem nas seleções. Mas nessa altura não deve estar com o irmão João Mário, a c omeçar agora a afirmar-se no Sporting, porque o jovem médio deverá estar na seleção, numa altura em que os sub-21, a equipa de referência de João Mário nesta altura, jogam o play-off de acesso ao Europeu.

Fica provavelmente para o Natal o encontro com João Mário e com Hugo, o outro irmão, também ele jogador, mas de futsal. «Nessa altura o campeonato para e devo estar com os meus dois irmãos e a minha mãe, penso que o meu pai este ano também está.»