Jorge Jesus fala no seu primeiro ano no Benfica, revela que Pabo Aimar foi o melhor jogador que já treinou e conta como foi buscar os «bloqueios» ao basquetebol, na segunda parte da entrevista a Zico, publicada no Youtube, no canal Zico10. Na primeira parte da entrevista, publicada há uma semana, o treinador tinha falado nos primeiros anos da carreira e na mudança para o Brasil.

Nesta segunda parte, o treinador começa por falar, de forma resumida, da passagem pelo Belenenses e pelo Sp. Braga, antes de chegar ao Benfica. «No meu primeiro ano criámos uma equipa com as características muito parecidas que hoje tem o Flamengo. Uma equipa muito forte com três brasileiros. Os zagueiros [centrais] eram o Luisão e o David Luiz. O David Luiz era um miúdo, quando cheguei lá era lateral e eu adaptei-o a central», começa por destacar.

Da defesa, Jesus passa para o ataque. «A linha da frente era Di María, Cardozo, Saviola, Ramires e Aimar. Aimar foi o melhor jogador que treinei. O primeiro volante (médio defensivo) era um espanhol, o Javi García, que fomos buscar ao Osasuna. Passado um ou dois anos foi vendido ao Chelsea [ndr.: Manchester City]», prosseguiu.

Uma equipa de luxo. «Nós no campeonato português cilindrávamos, na Europa fomos aos quartos de final da Champions. Depois fomos a duas finais da Liga Europa, mas isso já era outra equipa. Os jogadores desse primeiro ano foram quase todos vendidos», conta ainda.

Uma equipa que Jorge Jesus compara com o atual Flamengo, mas a qualidade, para o treinador, não é sinónimo de garantia de títulos. «No futebol isso não existe. O futebol é o único desporto coletivo do mundo em que os melhores não ganham sempre. No basquetebol se tens os melhores jogadores ganhas, mas no futebol não sempre é assim.»

Uma entrevista em que o treinador também explicou a origem dos bloqueios que, segundo ele, trouxe do basquetebol para o futebol. «Fiz vários estágios com treinadores de basquetebol em Portugal. Não me quero estar a gabar, mas fomos nós que trouxemos para o futebol, para aí há uns dez ou quinze anos, os bloqueios. Fui eu que trouxe os bloqueios e tirei-os do basquetebol para o futebol. Tiveste várias equipas no mundo a faze-los, apesar do VAR agora condicionar um pouco. Mas pode-se fazer na mesma. No basquetebol não pode haver contato e há bloqueio. No futebol é uma questão de saber fazer», conta ainda.