Sete ingleses, quatro alemães, quatro italianos, três espanhóis e dois franceses. Em 2011, estes são os países que colocam clubes entre os que maiores receitas produziram no último ano. Maisfutebol foi ver como era em 2000, de acordo com o mesmo estudo, produzido pela Deloitte. As diferenças são grandes.

Em 2000, no relatório que costuma acompanhar a divulgação da tabela dos clubes mais ricos do mundo (em rigor, são os que geram maior receita, não necessariamente os mais ricos, as despesas ficam fora da análise), previa-se que o domínio inglês desse período podia em breve estar ameaçado.

Essa previsão concretizou-se. Em 2000, o Manchester United dominava a tabela, seguido do Bayern de Munique. Entre os cinco primeiros só havia um espanhol, o Real Madrid, e o Barcelona era apenas sexto.

Por essa altura, em Itália e Espanha os clubes assinavam novos e lucrativos contratos com a televisão. E a Deloitte previa que isso pudesse alterar a tabela dos mais ricos. Certo. No entanto, identificava a Itália como principal ameaça ao domínio inglês, o que a história acabou por não confirmar.

Espanha, aliás Real Madrid e Barcelona

Em 2000, a Inglaterra colocava oito clubes entre os 20 maiores. Agora tem sete. A Itália tinha seis, hoje está reduzida a quatro. A Espanha somou o Atlético Madrid ao Real Madrid e ao Barcelona. A Alemanha passou de dois para quatro representantes e a França surge na lista em 2011, facto que não se passava há dez anos. Nessa altura, Glasgow Rangers e Celtic faziam figura entre os maiores. Agora a Escócia foi retirada do mapa.

A primeira década do século XXI permitiu ao Real Madrid passar de terceiro para primeiro, mas o grande salto foi dado pelo Barcelona, que antes era sexto e hoje ameaça a liderança do clube de Florentino. O Manchester United caiu de primeiro para terceiro e o Bayern Munique de segundo para quarto.

O crescimento dos dois maiores clubes espanhóis não significa que a riqueza tenha sido bem distribuída. É verdade que o Atlético Madrid conseguiu aceder ao top 20, mas só isso.

Do ponto de vista da geração de receitas, os clubes ingleses continuam a impressionar. Claro que alguns ficaram pelo caminho. O Leeds, histórico, é o maior exemplo. Em 2000 ainda era poderoso, agora anda no segundo campeonato inglês, depois de dias de amargura. Está na luta pelo acesso à Premier League, ao lado de outros para quem a última década foi penosa: Nottingham Forest, Ipswich Town, QPRangers ou Middlesbrough.

Receitas subiram muito

Em 2000, a tabela ainda era ordenada em milhões de contos. Feita a conversão, a diferença é enorme. Os clubes tornaram-se em verdadeiras máquinas de fazer dinheiro. Recebem mais das televisões e dos patrocinadores, afinaram a bilheteira e a relação com os adeptos, a quem vendem hoje muito mais produtos. Descobriram também mercados novos, o asiático antes de todos.

Todos os clubes do top 20 geram hoje mais receitas do que em 2000. Alguns têm mesmo muito mais receitas. Eis a comparação:

Real Madrid (438 milhões de euros em 2011, 124 milhões em 2000)

Barcelona (398/91)

Manchester United (349/180)

Bayern Munique (323/135)

Arsenal (274/79)

Chelsea (255/96)

Milan (235/88)

Liverpool (225/75)

Inter (224/80)

Juventus (205/95)

No livro «A bola não entra por acaso», o ex-dirigente do Barcelona Ferran Soriano lembra que ao chegar ao clube, em 2003, os catalães ocupavam o 13º lugar nesta tabela. Facturavam apenas metade do Manchester United. A decisão foi investir mais, apesar das dívidas. O risco deu resultado. Neste caso.