2006 e 2020.

Entre o Europeu de andebol da Suíça e aquele que se está a disputar na Noruega, Suécia e Áustria, passaram-se 14 anos.

Catorze penosos anos para quem segue e vibra com andebol e viu a seleção portuguesa afastada das grandes competições.

O regresso, porém, está a ser feito em grande estilo. Dois jogos, duas vitórias e o apuramento já assegurado para a segunda fase, deixando pelo caminho a França, equipa apontada por quase toda a gente como uma das principais favoritas ao título europeu.

Mas dizíamos: 2006 e 2020.

Da comitiva portuguesa, há um nome em comum nas duas fases finais: Tiago Rocha.

O pivô do Sporting, atual capitão da equipa portuguesa, esteve em 2006 na Eslovénia e volta a marcar presença agora, em 2020, para já na Noruega.

Contudo, há um detalhe: somando os dois europeus, Tiago Rocha jogou… zero minutos.

Atitude «exemplar» do capitão

Se no jogo com a França, na abertura da participação lusa no Europeu, Tiago Rocha estava no banco mas não foi utilizado, diante da Bósnia o capitão foi o jogador que, juntamente com o guarda-redes Gustavo Capdevile, ficou de fora da ficha de jogo.

E essa opção até mereceu palavras do selecionador nacional na conferência de imprensa após a partida, sem que ninguém lho tivesse perguntado.

«Quero aproveitar para elogiar a reação exemplar do Tiago Rocha quando, de manhã, lhe comuniquei que iria ser ele a ficar de fora. Isso é revelador do espírito de união que existe no seio deste grupo», sublinhou o técnico.

Mas como viveu Tiago Rocha essa situação? Foi isso que o Maisfutebol lhe perguntou.

«Foi duro estar a sofrer de fora e nunca é bom, mas o mais importante era ganharmos o jogo. Eu só tenho de aceitar a opção porque não penso só em mim, penso no que é melhor para a equipa», atirou de pronto.

Exemplar. Confirmamos a ideia defendida pelo selecionador.

Cair num «aquário de tubarões»… e acabar a mordê-los

E agora que o objetivo foi conseguido?

«Estamos mesmo muito felizes com o que alcançámos. Já fomos ao céu com este apuramento, mas agora temos de voltar à terra porque temos o jogo com a Noruega pela frente e queremos mesmo seguir para a main round com dois pontos», enaltece.

Tiago Rocha sublinha, contudo, a importância daquilo que Portugal já conseguiu alcançar.

«Já é um feito o que fizemos com apenas dois jogos. Conseguimos o nosso primeiro objetivo, que era passar à segunda fase, num grupo que era um aquário de tubarões. Ganhámos à França e queremos fazer o mesmo à Noruega», assegura o capitão luso, sorrindo com a ideia de ser o pequenino Portugal que acabou… por morder os tubarões.

«Estreia será quando for… mas se puder ser já»

Mas falando sobre o lado mais pessoal, como é estar há 14 anos à espera para fazer a estreia por Portugal numa grande competição?

«É claro que estou um pouco ansioso, mas irei jogar quando tiver de ser. O mais importante é mesmo que Portugal chegue o mais longe possível», reforça o capitão.

Garantindo não ter qualquer indicação do técnico se irá jogar diante da Noruega nesta terça-feira, no encerramento da fase de grupos, Tiago Rocha está longe de rejeitar a possibilidade de fazer já a estreia.

«Claro que se puder ajudar já a equipa, estou disponível para dar o meu contributo», nota.

Tem a palavra Paulo Jorge Pereira, nesta terça-feira, a partir das 20h30.