A ideia é simples: Portugal venceu a Suécia num jogo perfeito no Europeu de andebol e no final ficou uma dúvida no ar.

Alfredo Quintana ou Fábio Magalhães: qual deles foi o melhor jogador de Portugal diante da Suécia?

O guarda-redes recebeu o prémio no final da partida, graças às 14 defesas realizadas na vitória diante da vice-campeã europeia. Mas o lateral esquerdo foi absolutamente determinante no ataque. Sobretudo, quando Paulo Jorge Pereira decidiu apostar no 7x6 ofensivo.

Fábio Magalhães, jogador que Paulo Pereira definiu como «o rei do 7x6», dando razão às palavras de Magnus Andersson, treinador do FC Porto, marcou seis golos em oito remates e ainda fez sete assistências.

Para tirar as dúvidas, o Maisfutebol sentou os dois jogadores à mesa e convidou Paulo Jorge Pereira, selecionador nacional, para moderar a conversa.

O diálogo que se segue é da inteira responsabilidade dos intervenientes:

Paulo Jorge Pereira (PJP) - Quintana, tu já ganhaste um não foi?

Alfredo Quintana (AQ) - Sim, este foi o segundo.

PJP – Então acho que este devia ter sido para o Fábio.

AQ – Eu também acho!

Fábio Magalhães (FM) – Não custava nada…

AQ – Mas eu gostava era ver o Fábio à baliza.

FM – Já te disse: dá-me a coquilha que eu vou.

AQ – Temos de combinar um treino…

A conversa mantida com sorrisos cúmplices seguiu depois com os elogios de Quintana a Fábio Magalhães.

«Jogamos na mesma equipa, eu conheço-o há muito tempo e ele tem uma tomada de decisão muito certeira. Poucas vezes se engana e quando se engana, é normal porque é um ser humano. Por isso, acho que devia mesmo ser ele o vencedor do prémio», acedeu.

Do outro lado, Fábio Magalhães devolveu os elogios ao companheiro na seleção e no FC Porto.

«Se estiver focado, o Quintana é muito difícil marcar-lhe golo. Eu sofro isso nos treinos. Ou melhor, eu gosto de lhe dar moral nos treinos», desculpa-se perante a gargalhada de Quintana.

E Paulo Jorge Pereira, decide então intervir para apresentar a solução ideal.

«Os dois mereceram. O ideal seria dividir o prémio ao meio. É difícil dizer quem sobressaiu, porque o Quintana defendeu muito bem e o Fábio esteve fenomenal no 7x6», disse, sublinhando ainda a importância de, finalmente, ter podido contar com Magalhães em pleno.

«Fico muito contente por ele porque esteve quatro dias sem treinar. Depois de fazer um torneio de Espanha excecional, vieram as gripes, um vírus», recordou.

Mas e se o segredo para o sucesso estiver aí? A ideia é lançada para a mesa por Quintana.

«Eu acho que o sucesso vem daí. O primeiro fui eu. Mas se for para trazer um vírus e chegarmos onde estamos, vamos ter de arranjar sempre uns doentes», atira o guardião.

O prémio desaparecido… numa equipa que «é um circo»

Para finalizar o debate sobre quem merecia ou não vencer a distinção feita pela EHF, Quintana conclui: «Eu dava o prémio ao Fábio. Já tinha ganhado um, por isso dava-lho a ele».

Porém, o guarda-redes aproveitou também para lançar um apelo: que lhe devolvam o prémio de melhor em campo no jogo com a Bósnia.

Isso mesmo.

«O primeiro prémio que ganhei desapareceu. Oh, vocês já sabem como é, um tuga vê uma coisa que está fora do sítio e arruma», atirou o guardião, sorridente.

«Ainda não sei onde está guardado. Eu perguntei mas ninguém me respondeu, se calhar foi alguém que achou que mereceu ganhar», continua, animado.

Essa é, aliás, uma imagem de marca. Quer de Quintana, quer dos restantes elementos da seleção. E na opinião do guarda-redes, esse é o verdadeiro ponto forte desta equipa.

«Nós até podemos ganhar o Europeu. Mas aquilo que levamos é a relação que tivemos com o treinador, os momentos com os nossos colegas. Isso é aquilo que recordamos.»

Quer isso dizer que não há nada a apontar à equipa? Quintana diz que não é bem assim…

«Na nossa equipa toda a gente tem a sua loucura. Depois chega dentro de campo e sabe o que tem de fazer. Mas quando sai e é um circo – com todo o respeito, que está aqui o treinador -, mas é um circo. Vê-se cada coisa…», declara, tapando a cara como que envergonhado.

«Mas é o que digo: se não há alegria, tudo é mais difícil. Porque estamos longe da família, já são muitos jogos. Se não temos alegria, torna-se muito difícil», conclui.

Que se prolongue então esta alegria pelo resto do Europeu. E que a equipa portuguesa continue a arregalar os olhos de espanto pelo que a equipa portuguesa tem feito.

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