«Tentámos nunca perder de vista o essencial. O futebol, o jornalismo. E os leitores. Parece óbvio, mas às vezes não é. Não quer dizer agradar a toda a gente, quer apenas dizer não agradar a ninguém em particular.»

A cada 5 de junho acho que devemos visitar esta declaração. Porque ela define-nos. É debaixo daquela condição que todos os anos, a cada aniversário, damos mais um pontapé de saída.

Deixar o velho para trás e abraçar o novo é o desafio constante de quem vive num mundo digital. Em 2000, também numa segunda-feira, um grupo de jornalistas chutou a bola e lançou o Maisfutebol na gravidade. Houve muitos obstáculos, histórias e peripécias disseram-nos os fundadores. Felizmente, e é mesmo com um felizmente que o digo, quase nenhum deles entra hoje todos os dias na redação para o continuar a contar. Porque eles seguiram na vida e enquanto alguém escrever Maisfutebol [continua a ser uma só palavra] significa que eles souberam passar a mensagem aos que chegaram depois e que estes, com a mesma cultura e com aquela declaração por terra firme, vão passando a quem chega.

Passaram-se barreiras, o Euro 2004, o Figo, Féher… outros europeus, mundiais, rádios, livros, jornais em Angola, Jogos Olímpicos, o primeiro jogo de futebol transmitido na internet - visto por 120 pessoas online! – passou-se pela morte de Eusébio e pelo arrepiante Golo do Éder – sempre escrito em maiúsculas – e estamos quase a passar pela «eternidade» de Ronaldo.

Noticiámos sempre, relatámos e, também é verdade, decidimos não escrever muitas vezes. Porque isso também decide aquilo que um jornal quer ser. E se alguma vez falhar a memória de porquê ser assim, ali está ela, em cima, a nossa declaração de princípios, que vale mais do que qualquer estatuto editorial.

Passaram por aqui pessoas de todos os lados e acredito (sei) que qualquer uma delas se revê naquela declaração de direitos universais dos jornalistas do Maisfutebol.  Passaram pessoas do Norte, que continua a albergar quase metade da redação do Maisfutebol. De Trás os Montes, das Beiras, do Alentejo, do Sul e das ilhas. Houve até quem tivesse dado a volta por outros mundos e voltasse, houve quem estivesse no início de tudo, naquela pastelaria onde o Maisfutebol foi falado e cá esteja de novo, agora como CEO do grupo.

Por estas alturas, noutros endereços, estar-se-ia a falar de projetos futuros – que os temos – do que se fez até aqui – e continuamos a fazer muito com, e para, a TVI e CNN Portugal sem esquecer a parceria que temos com a Eleven –, mas deixem-me explicar por que é que, mais uma vez, optamos por não escrever o que se espera que se escreva ou que sejamos o que outros esperassem que fossemos: o Maisfutebol não é só um projeto, um sítio de trabalho ou um jornal desportivo. É uma forma de estar. 

O nosso legado e futuro, muito além destes 23 anos refletidos naquela declaração da Berta Rodrigues, fundadora, antiga diretora e colaboradora atual.

Porque há qualquer coisa aqui de especial que nos puxa para dentro e nos move para, todos os dias, nos tentarmos reinventar e lhe oferecer algo diferente.