O futebol português tem sido invadido, nos últimos meses, por um clima de suspeição, que vários protagonistas já criticaram. Em entrevista ao Maisfutebol, Cláudio Ramos, guarda-redes do Tondela critica as polémicas que se têm gerado e defende Fábio Pacheco, médio do Marítimo com quem partilhou o balneário durante quatro épocas, e também Vágner, seu colega de setor, que alinha no Boavista. 

«Não podemos errar contra os 'grandes', que somos logo acusados de vendidos», sentencia.

MF: Como vê o clima de suspeição que se vive no futebol nacional, por exemplo com o caso do Fábio Pacheco [Marítimo], com quem jogou no Tondela?

Isso é uma coisa que só serve para denegrir a imagem do futebol português. Eu joguei três ou quatro anos com o Fábio, que é das pessoas mais corretas que conheci no futebol. É um excelente profissional e eu sei que é impossível ele ter feito alguma coisa. E quem viu o jogo percebe que ele fez uma boa exibição e que teve aquele lance, que acontece.

MF: E mais recentemente, também há o caso do Vagner, guarda-redes do Boavista.

É a mesma coisa. Eu estava a ver o jogo e aquilo foi uma má visão do jogo. É daqueles lances em que pensas que o teu colega está próximo, só que o adversário está mais perto do que ele. É uma coisa que pode acontecer a qualquer um.Acho que é uma vergonha criar estas suspeitas sobre jogadores. É de quem não sabe o quanto nos custa perder. No caso dos guarda-redes, só nós é que sabemos aquilo que nos custa quando estamos diretamente ligados a um golo, ou damos o chamado «frango». Nunca é fácil a nossa reação na semana seguinte por sabermos que não ajudámos a equipa. Daquilo que conheço do Vágner, pelas vezes que falei com ele, sempre me pareceu um excelente profissional. Meterem isso em causa é algo que não deveria acontecer.

MF: O papel dos guarda-redes é sempre ingrato...

Exatamente. Se formos ver os últimos jogos do Boavista, se calhar o Vágner tem sido dos melhores jogadores, com excelentes defesas. Julgaram-no porque o lance aconteceu contra o FC Porto, como fariam se fosse contra o Benfica e o Sporting. Se o lance do Vágner tivesse sido contra o Tondela, nem sequer era assunto. Mas como foi contra o FC Porto aconteceu o que se viu. É neste estado em que está o futebol português: não podemos errar contra os «grandes», que somos logo acusados de vendidos.