Entrar no site do New York City FC é uma sensação de dejá vu. Não por acaso. Toda a imagem daquele que virá a ser o 20º clube da Major League Soccer (MLS, a Liga Norte-Americana) é decalcada do Manchester City. Para já, o NYFC é uma linha avançada do clube inglês nos Estados Unidos. Um dia quer ser mais que isso. Já começa a tomar forma com vista à estreia, prevista para 2015, e a dar que falar. Sobretudo desde que o nome de Xavi soou como hipotético reforço.

A Liga norte-americana andava desde 2010 a tentar criar uma equipa em Nova Iorque, aproveitando o potencial da cidade e tentando levar nova dinâmica ao campeonato, estimulando a rivalidade com os New York Red Bulls, a outra equipa da área metropolitana da Big Apple, sedeada em New Jersey. Tinha havido uma primeira ponte para a Europa através do Barcelona, que em 2008 chegou a anunciar a intenção de adquirir uma nova equipa em Miami, mas o projeto não avançou.

Até que apareceu o Manchester City, no final de 2012. Seis meses depois foi registado o nome, New York City FC, e anunciado o modelo. O City é o principal proprietário do clube, em parceria com os New York Yankees. O elo comum é o catalão Feran Soriano, que era vice-presidente do Barcelona na altura da hipótese Miami e agora é presidente-executivo do Manchester City.


É mais um passo na expansão do City, adquirido em 2008 pelo xeque Mansour, que não tem olhado a gastos para fazer do clube um dos grandes do mapa mundial. Mas não será só isso. O NYFC quer tornar-se rapidamente um dos grandes clubes da MLS. Para isso, deverá ter um dos maiores orçamentos da Liga, estimando-se que o investimento do City seja de 300 milhões de libras (360 milhões de euros).

Além de se apresentar com dinheiro, quer-se apresentar com uma ideia. E vai buscá-la ao Barcelona. O City fez essa aproximação através da contratação de Soriano, mas também de Txiki Begiristain, que foi jogador e diretor desportivo «blaugrana» e ocupa agora o mesmo cargo no clube inglês.

O primeiro grande passo rumo à construção do NYCF foi a escolha do treinador. E se a opção por Jason Kreis, um técnico norte-americano sem grande projeção, começou por surpreender, os responsáveis do City, que estiveram em Nova Iorque na apresentação do técnico, explicam que tem a ver com essa filosofia de pensar no clube e na equipa globalmente, com uma ideia de futebol comum.

Kreis foi jogador e treinou de 2007 a 2013 o Real Salt Lake, uma equipa sem grandes ambições em que ele assumiu um papel central, supervisionando toda a estrutura do clube, em volta da ideia de valorização do coletivo. Desde 2009 conseguiu sempre atingir os «play-off» da MLS.


«Temos uma filosofia de jogo de que gostamos e de que as pessoas gostam e, a partir daí, contratamos o treinador», explicou Begiristain. Soriano reforça a ideia: «São conceitos latos, mas muito fortes. Nunca escolheríamos um treinador, seja o Manuel Pellegrini em Manchester ou o Jason aqui, que não acredite nesses pilares.»

Kreis assinou por quatro anos e agora vai construir uma equipa. Fá-lo-á ao lado de Claudio Reyna, o ex-internacional norte-americano que é o diretor desportivo do NYFC. E beneficiando de toda a estrutura do Manchester City. Além do dinheiro, claro.

«O tempo não pára e estamos à procura. Temos 36 olheiros no City Football Group e começámos a falar com eles já na semana passada», contou Reyna, também na apresentação do treinador: «É muito divertido, na verdade. Viajo muito, vejo jogos, falo com agentes. Todas as semanas nos é apresentado um novo nome.»

Os clubes da MLS têm direito a contratar três jogadores acima do teto salarial e os responsáveis do NYCF já assumiram que irão exercer essa opção. É aqui que entra Xavi. O nome do médio do Barcelona foi avançado pelo jornal «Telegraph» como a grande contratação que os responsáveis norte-americanos têm em mente. Não há qualquer confirmação nem indício concreto. O maestro do Barcelona deixou há dias no ar, no entanto, a ideia de que admite acabar a carreira noutro clube. Xavi terá 35 anos em 2015.

O NYFC tem mais questões para resolver. Desde logo a do estádio. Não tem ainda um recinto próprio e continua em negociações para tentar construi-lo na zona do Bronx, junto ao dos Yankees. Uma primeira tentativa de assentar praça na zona de Queens ficou pelo caminho. Mesmo que avance a construção do novo estádio, ele não estará pronto em 2015, pelo que o mais provável é ver a equipa começar por jogar no recinto dos Yankees.