Cristiano Ronaldo representou o Manchester United de 2003 a 2009, num período em que, juntos, ganharam praticamente tudo o que havia para ganhar: Premier League, Liga dos Campeões, Mundial de Clubes, Taça de Inglaterra, Taça da Liga e Supertaça.

O regresso a Old Trafford deu-se em 2021, mas não tem sido nem de longe, nem de perto tão bem-sucedido como a primeira passagem pelo clube. Na entrevista a Piers Morgan na qual criticou duramente o treinador Erik ten Hag, o internacional português proferiu ainda palavras pouco simpáticas relativamente às condições dos red devils.

«O progresso foi zero. Desde que o Sir Alex Ferguson saiu [2013], não vi nenhuma evolução no clube. Nada mudou. Por exemplo, depois de terem despedido o Solskjaer, contrataram o Ralf Rangnick, que é diretor desportivo. Ninguém percebeu isso. Um clube como o Manchester United contratar um diretor-desportivo para treinador surpreendeu-me a mim e a todo o mundo. (...) Se nem sequer era treinador, como é que ia estar à frente do Manchester United? Nunca tinha ouvido falar dele», disse sobre o alemão que orientou a equipa inglesa na segunda metade da época passada.

«Nada mudou. A piscina, o jacuzzi, até o ginásio. A tecnologia, a cozinha... até os cozinheiros, que são ótimas pessoas, são os mesmos. Pararam no tempo, surpreendeu-me muito. Esperava encontrar infraestruturas diferentes», acrescentou, já depois de ter confessado que se sentiu «traído» no verão.

«Acho que os adeptos deviam saber a verdade. Quero o melhor para este clube. É por isso que vim. Mas há algumas coisas cá dentro que não nos ajudam a chegar ao nível do Manchester City, do Liverpool e agora até do Arsenal. Um clube com esta dimensão devia estar no topo da árvore, e infelizmente não está, na minha opinião», continuou.

Ronaldo citou até Picasso para prosseguir no seu ponto de vista: «Como o Picasso disse, primeiro temos de destruir para depois construir (a citação exata de Picasso é «Qualquer ato de criação primeiro é um ato de destruição»). E se quiserem começar comigo, não há problema.»

«Adoro o Manchester United, adoro os adeptos, estiveram sempre ao meu lado. Mas se querem que a situação mude têm de alterar muitas, muitas coisas», acrescentou.

A conversa com Ferguson antes do regresso a Old Trafford

Antes do regresso ao Manchester United, Ronaldo esteve também na calha para reforçar o grande rival dos red devils, o City, mas uma conversa com Sir Alex Ferguson mudou tudo.

«Segui o meu coração. Ele disse-me: ‘É impossível que vás para o Manchester City’. E eu respondi: ‘Ok, mister’.»

Sobre Ferguson, com quem Ronaldo tem uma relação forte desde que o escocês o treinou na primeira passagem por Old Trafford, o avançado de 37 anos garantiu que o antigo treinador sabe o quão mal está o United.

«Ele sabe melhor do que ninguém que o clube não está no patamar em que merecia estar. Ele sabe. Toda a gente sabe. As pessoas que não veem isso é porque não querer ver: são cegas.»