O Maisfutebol desafiou os jogadores portugueses que atuam no estrangeiro, em vários cantos do mundo, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. É isso que farão daqui para a frente:
Conheça melhor o projeto
«Olá a todos.
Chamo-me Ricardo Duarte, conhecido no mundo do futebol por Mangualde. Tenho 30 anos e nasci numa cidade do distrito de Viseu que me dá a alcunha: Mangualde. Comecei por jogar no clube da minha terra (G.D.Mangualde).
Aos 13 anos, tive a minha primeira aventura. Fui para Lisboa para representar o Sporting. Fiz todo o resto da minha formação por lá e ainda dois anos na equipa B. Passei depois duas temporadas no Oriental de Lisboa e de seguida assinei pelo Paços de Ferreira.
Fiquei três anos em Paços de Ferreira, tendo disputado até a Taça Uefa. Seguiu-se um ano no Freamunde até surgir a minha primeira aventura no estrangeiro. Rumei ao Chipre (Doxa). É uma ilha pequena, com um nível de vida muito bom. Adorei ter conhecido esse país.
Tentei o meu regresso a Portugal mas «tinha caído no esquecimento» e fiquei um ano sem jogar. Depois, felizmente, apareceram pessoas amigas que me conseguiram convencer a ir para o Tondela. Ali voltei a ter prazer em jogar e a mostrar o meu valor em Portugal.
No Tondela conseguimos (com um grupo fantástico) um feito inédito pra o clube: a subida à Liga Orangina. Em Janeiro de 2012, apareceu uma proposta muito boa. E começou assim a minha segunda aventura no estrangeiro.
Angola, Huambo (terra do pai). Jogo neste momento no Clube Recreativo da Caála. Estamos longe dos objectivos propostos no início da época (lugares cimeiros) mas estamos ainda nas meias-finais da taça de Angola.
A equipa tem muitos jogadores oriundos da Europa e muita qualidade mas, não sei porquê, só agora na parte final as coisas estão a fluir. Estamos há sete jogos sem perder e mais, sem sofrer qualquer golo.
Faltam duas jornadas para o campeonato acabar (pois aqui a prova vai de Março a Outubro) e temos uma meia-final para ganhar e podermos estar na final da taça. Sendo esta uma equipa do interior do pais e a única equipa a representar a região, seria muito bom para este povo.
Falando em povo. É um país completamente diferente do Chipre. Um país grande, onde a deslocação mais curta é de cerca de 600km. Um país ainda devastado pela guerra mas com muito potencial, tanto económico como em termos de mão-de-obra. É um povo humilde e com muitas limitações mas que sabe lidar com isso sempre com muito boa disposição. Os clubes ainda são um pouco desorganizados mas como referi há muita qualidade.
O balanço até ao momento é positivo. Aqui em Angola há muito episódios engraçados e caricatos, mas isso fica para outra altura.
Quero agradecer a todos que estão envolvidos neste projecto. Muito obrigado ao Maisfutebol por dedicar este espaço aos jogadores portugueses no estrangeiro. Acho que será muito importante para não caírmos no esquecimento tal como me aconteceu quando vim do Chipre.
A todos vocês uma palavra de agradecimento, a toda a minha família e às famílias de todos os emigrantes. Que também elas sofrem com estas nossas aventuras.
Muito obrigado.
Mangualde»