24 Setembro de 1983, 4ª jornada do campeonato espanhol, Camp Nou. O Barcelona bateu o At. Bilbao por 4-0, mas o jogo ficaria marcado pela entrada de Andoni Goiktoexea sobre Maradona.

Uma fractura no tornozelo com rotura de ligamentos ditou a lesão mais grave na carreira de «El Pibe» que, apesar de tudo, recuperou em pouco mais de três meses.

Os dois jogadores viriam a encontrar-se na final da Taça do Rei, na época seguinte, num jogo que acabou com uma batalha campal que assinalou a despedida de Maradona do Barça.

27 anos depois, Goiko trabalha com Jose Antonio Camacho na formação do Osasuna. Tinha acabado de chegar a casa quando atendeu o Maisfutebol para falar abertamente sobre os episódios.

Atendendo ao vosso passado, o que deseja a Maradona neste adversário?

«Desejo-lhe a melhor sorte do Mundo como desportista. Aquilo que se passou entre nós é passado, ele continuou a jogar e continuou a ser o melhor do Mundo. Maradona não era mau, se foi mau para alguém, como diz Pelé, foi mau para ele próprio. Maradona tem de ser um embaixador do futebol mundial. »

Como é que recorda aquele lance de 1983?

«Já passou muito tempo, mas lembro-me bem. As imagens estão aí na internet. O jogo já estava quente, tentei chegar à bola e fui com tudo. Não tinha a intenção de o magoar, mas aconteceu. Ele esteve três meses sem jogar, mas depois voltou. Voltei a jogar com ele na final da Taça do Rei, foi o último jogo dele pelo Barcelona.»

Voltou a falar com ele?

«Claro que falámos, muitas vezes. Falei com ele pouco depois do incidente e depois encontrámos-nos mais vezes. Ele depois voltou ao futebol espanhol, para jogar pelo Sevilha, além disso já estivemos juntos em algumas entrevistas cruzadas. Não ficou qualquer rancor.»

A sua carreira ficou marcada por aquele lance?

«Não, a minha carreira ficou marcada pelo meu profissionalismo, pela minha entega, pelo meu desportivismo. Fui internacional, fui vice-campeão da Europa em 1984, ganhámos a Portugal e e perdemos com a França na final. Fui duas vezes campeão de Espanha com o At. Bilbao.»

Mas passou a ser conhecido como o carniceiro de Bilbau

«Isso foi um jornal sensacionalista inglês [The Sun] que inventou. Íamos jogar contra o Liverpool e eles puseram na primeira página ¿vem aí o butcher de Bilbao¿. Havia muita gente que não me conhecia, achavam que o Goiktoetxea era só aquele da falta sobre o Maradona, mas empatámos 0-0 em Anfield e o que viram foi um Goiktoetxea muito profissional.»

E o que se passou na final da Taça do Rei no ano seguinte?

«Isso foi no final do jogo, ganhámos por 1-0,sem problemas e estávamos muitos felizes. Nesse ano ganhámos tudo, a Copa, o campoenato e a Superataça. Estávamos a festejar, eles perderam a cabeça, foi uma reacção natural de quem perdeu. Estavam decepcionados com a derrota e reagiram assim. Mas eu passei um pouco ao lado dessa confusão, só queria festejar.»

Alguma mensagem especial para Maradona?

«Dou-lhe os parabéns pelo aniversário, Zorionak, como se diz em basco. Que comemore os 50 anos, esse número mágico, com muita alegria. Sei que gostava de voltar à selecção, então que volte à selecção. Não teve muita sorte no Mundial, na África do Sul, mas notou-se que os jogadores estavam com ele e isso é mérito dele.»

Veja a entrada de Goiko e a batalha campal na Taça do Rei: