Maradona marcou presença em quatro Mundiais, mas no primeiro esteve longe de corresponder ao que se esperava. «El Pibe» chegou ao Espanha 82 com apenas 21 anos, mas já com estatuto de jogador mais caro da história. Cerca de 6 milhões de euros (na moeda actual), pagou então o Barcelona. Era o líder de uma selecção argentina que defendia o título mundial conquistado quatro anos antes.

O primeiro jogo até foi na nova «casa», mas Diego passou ao lado do jogo e viu a «albiceleste» ser derrotada pela Bélgica (0-1). A resposta surgiu cinco dias depois: dois golos à Hungria (4-1). Seria o único momento de glória de Maradona na competição.

A Argentina venceu depois El Salvador e passou à 2ª fase. Um novo grupo, agora de três equipas. A derrota com a Itália (1-2) obrigava a vencer o eterno rival Brasil, no segundo jogo. Maradona acabaria por despedir-se aí do Mundial, e da pior maneira: derrotado e expulso. A cinco minutos do fim, e já a perder por 3-0 (a Argentina ainda marcaria), «El Pibe» atingiu Batista no baixo-ventre, com os pitons.

«Eu tinha acabado de entrar. Não sei o que lhe deu na cabeça. Foi nervosismo. Ele nunca foi de fazer aquilo. É o único caso do género. Por isso ainda se fala tanto do lance. Mais até do que o jogo», recordou a vítima ao Maisfutebol. «Nem estávamos a queimar tempo. Foi descontrolo emocional. Ele era a esperança argentina. Eram campeões do mundo, e ele tinha entrado para valorizar a equipa. Viu-se fora do Mundial naquele momento. E quando mete Argentina e Brasil, perder custa o dobro.»

Batista não acredita no rumor de que Maradona teria confessado que o seu «alvo» era Falcão: «Ele é loiro e eu moreno. Ele mais alto do que eu. O Falcão é quase alemão, e eu quase sou índio. Não foi isso. Ele podia estar pegado com o Falcão, mas sabia que não era ele.»

Maradona e Batista reencontraram-se poucos anos depois, em Itália. Um no Nápoles, outro na Lazio. «Não houve problema. Já era passado. Não tive sentimento de vingança. Não conversámos sobre o lance. Cumprimentámo-nos, apenas. Os jornais é que falaram muito disso. Até os árbitros estavam mais atentos», lembra o brasileiro, que passou também pelo Belenenses.

A vingança de Turim no sorriso de Caniggia

Maradona foi campeão do Mundo em 1986, com o brilhantismo que a história nunca apagará, mas a oportunidade para se vingar do Brasil só surgiu quatro anos depois. Os eternos rivais sul-americanos defrontaram-se nos «oitavos», e o jogo de Turim foi decidido por um golo apontado a dez minutos do fim. O autor foi Caniggia, mas a assinatura foi outra.

Um lance recordado por Héctor Enrique, o homem da «assistência» para o golo à Inglaterra em 86 e que foi adjunto do Maradona seleccionador. «Podíamos ter sido goleados, como fomos com a Alemanha em 2010. Mas não. Havia Maradona. Ele pegou na bola, fez uma jogada extraordinária e o Cannigia marcou. Era uma equipa fraca mas chegou à final. É futebol», contou ao Maisfutebol. Não é futebol. É Maradona.

A expulsão de 82 e a vingança de Turim: