Diego Maradona afirmou que nunca se arrependeu de ter marcado um golo com a mão no jogo com a Inglaterra, nos quartos-de-final do Mundial 86, porque «ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão». A confissão foi feita no seu programa de televisão «A noite do dez», que foi para o ar na segunda-feira.
«Quero contar isto aos argentinos, e também ao resto do mundo, por que não», disse, admitindo que o tento que afastou os ingleses foi marcado «com o punho esquerdo» e que não foi uma mera casualidade, mas sim um acto premeditado: «O guarda-redes Peter Shilton mede 1,85 e eu apenas 1,66 e sabia que, com um cabeceamento, não tinha qualquer hipótese de marcar».
«Não me arrependo de o ter feito. Os ingleses tinham feito muita coisa má aos argentinos», explicou, numa clara referência à Guerra das Malvinas, em 1982.
A forma como o golo foi apontado deixou incrédulos os próprios companheiros de equipa, que hesitaram em festejar: «Quando vi que o juiz de linha ia para o meio-campo, pedi aos rapazes, já que ninguém vinha me abraçar, que me abraçassem. Estavam tímidos e vieram abraçar-me mas como que a querer dizer que estávamos a roubar. Mas eu disse-lhes que ladrão que rouba ladrão, tem cem anos de perdão».
Maradona contou também que, anos mais tarde, Peter Shilton lhe disse que não o convidava para o seu jogo de despedida devido a esse golo irregular, mas o argentino não ficou muito preocupado: «Eu respondi-lhe que nem ia dormir por causa disso».
Aliás, esta não foi a única vez que «El Pibe» trocou literalmente os pés pelas mãos na hora de marcar um golo: «Fiz um muito parecido pelo Nápoles contra a Udinese. O Zico, que jogava na outra equipa, perguntou-me se não parecia mal e eu disse que não. Foi algo que saiu muito de dentro, de tê-lo feito em Fiorito, nas categorias inferiores e também em alguns jogos na primeira divisão», acrescentou.