Mais de metade do plantel do Marco gasta já mais por estar deslocado da sua cidade natal do que propriamente recebeu desde o início da época. A 28 de Julho os jogadores apresentaram-se ao trabalho. Desde então receberam um salário e nada mais. Vale a «caixinha» mágica.
«Fizemos uma análise profunda à situação, e a verdade é que com os custos da renda da casa, mas as despesas diárias, há jogadores que já não aguentam», conta ao Maisfutebol o capitão Albertino. «Depois há mensalidades de carros, infantários, e outras coisas para pagar», acrescentou. «Não podemos esquecer que o que se ganha na segunda liga não é o mesmo do que na primeira divisão. 1000 ou 1500 euros é muito pouco para se ficar quase três meses sem receber.»
Caixinha mágica
Os jogadores, cansados de promessas de pagamentos eternamente adiadas, vão tomar uma posição de ruptura na quarta-feira. Para já vai valendo a caixinha do balneário. «Temos uma caixinha que é guardada pelos capitães onde colocamos e juntamos as multas e outros pagamentos», relata o jogador. «Quando um jogador chega atrasado, ou deixa uma camisola ou uma chuteira no relvado, ou começa a ler jornais no estádio coloca 50 cêntimos na caixinha. Depois, no final do mês fazemos almoços ou jantares. E quando alguém precisa nós tiramos da caixinha para emprestar.»
Mas a caixinha está a esvaziar. Pelo que Maisfutebol apurou, o presidente do clube também já contribuiu para a caixinha, tal como os jogadores, que todos os meses colocaram cinco euros lá para dentro. Mas são apenas migalhas de um bolo de dívida que começa a crescer a cada dia que passa.
O Marco decidiu também nesta época deixar de alugar directamente casas para os jogadores de fora. Quer isto dizer que, quem sai da cidade natal para jogar futebol no Marco, tem de pagar do seu bolso todas as despesas inerentes a que vive deslocado. Não admira por isso que um ordenado de 1000 euros não chegue para pagar despesas de três meses. Por isso, há quem empreste dinheiro entre a equipa, de jogadores para jogadores. E é possível que isso continue enquanto não chegue alguém que salve o clube da crise em que se afundou.