O Maisfutebol desafiou os jogadores e treinadores portugueses que atuam no estrangeiro, em vários cantos do mundo, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:

MARCO LEITE, ANORTHOSIS FAMAGUSTA (CHIPRE)

«A competitividade entre atletas dentro das várias modalidades é de saudar, é saudável e é desporto. A disputa acérrima pelo espaço, pela bola, por uma posição, por um lugar, uma medalha, um título, vale todo o esforço da parte dos intervenientes.

O mesmo se passa com certeza noutras áreas, onde as formas de agir, bem como as maneiras de se afirmarem perante os adversários, leva-os também a realizar alguns esforços físicos e financeiros.

A história de hoje fala-nos realmente de competição pura. Mas noutra área, que não a das modalidades e do “meu” futebol em particular. Mas é desporto, e do bom.

Já aqui tinha trazido o tema da gastronomia e da união de facto, perfeita no meu entender, entre o futebol e ela. Quando estamos longe, sabe bem ter alguém, um grupo, uma equipa de compinchas, que perpetua de certa forma a nossa forma de viver lá no burgo. Nosso país.

Encontramos aqui a competitividade personificada. A competitividade no expoente máximo. Aquela que qualquer atleta inveja. Aquela que é preciso para nos mantermos ao melhor nível.

Júlio Mou, figura castiça, bonacheirão, anfitrião, bom conviva. De ideais firmes, personalidade marcante, emblemática, gosta de uma boa discussão. Gosta de casa cheia, de agitação. De geometria Obelíxica. Bom de grelha. Desde o primeiro convite para a sua invicta aldeia, feito mal chegamos, as orgias gastronómicas não param. À boa moda da Gaulesa aldeia.

Sempre à quinta-feira, para a recuperação ser completa, visto jogarmos ao domingo. Nesta área, para que haja competitividade tem de haver “adversários” para engolir o repasto que é vasto, e esse somos nós, os irredutíveis portugueses.

Só paramos quando não existe mais nada para triturar, e aqui neste particular batemo-nos muito bem. Na área “do” cozinhar, como se diz hoje, temos outro adversário, outra figura.

George. Mais calado, mas com piada, fininho, de metabolismo elevado, (because I like). De geometria Asteríxica. Bom de grelha. Este compete com Júlio Mou pela cozinha, pela grelha. Se um compra uma peça inteira do melhor “rib eye” para o churrasco, na semana seguinte, o outro apresenta duas pecinhas.

Se George cozinha meio porco na grelha, Júlio aparece montado em cima de um no próximo manjar. Se um apresenta o cordeiro com três horas em forno de lenha, o outro, deixa-o do dia anterior, para que o dele seja mais tenro.

Se George tem um grelhador de um metro por um metro, durante a semana, Júlio Mou encomenda um de dois por dois na net, para que caibam mais pecinhas. O barril de cerveja de um, se é de vinte litros, no outro, temos para a semana, um de trinta, bem gelada, com uma boa gravata branca. Que é indumentária que não se usa nesta competição.

A luta é árdua e promete, graças ao Júlio Mou esse “animal” competitivo.»