O Maisfutebol desafiou os jogadores e treinadores portugueses que atuam no estrangeiro, em vários cantos do mundo, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:

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Marco Paixão, Enosis (Chipre)

«Boa tarde,

Hoje vou recordar a minha passagem pelo F.C. Porto, com o meu irmão gémeo Flávio, na época 2005/06. Com 18 anos, éramos jogadores do GD Sesimbra e um empresário gostou muito de nos ver. Chamava-se Sérgio Jesus e decidiu vir falar connosco depois de um jogo. Quis levar-nos a treinar em Itália e assim foi!

Fomos treinar à equipa B da Lázio de Roma e de repente estávamos a viver um sonho. Paerecia um conto de fadas, os treinos correram muito bem e o adjunto do clube adorou-nos. Ainda mantivemos contacto com ele por algum tempo.

Assim que chegámos a Portugal, vimos que muitos meios de comunicação social falaram de nós. Demos entrevistas aos jornais desportivos e até à RTP. Isso aumentou o interesse de alguns clubes que já nos estavam a observar. O F.C. Porto foi o que mais interesse demonstrou e nem pensámos duas vezes!

Era incrível poder jogar com o meu irmão num grande clube português, naquele momento estávamos na elite dos futuros craques portugueses e foram meses incríveis.

Tivemos de deixar a moda porque o F.C. Porto ficou com os nossos direitos de imagem. Era algo que adorávamos mas o futebol estava primeiro! Estávamos no mundo da moda há cinco anos, era uma área de que gostávamos imenso mas tivemos de a deixar.

Com tudo isto a acontecer em tão pouco tempo, fizemos a apresentação dos equipamentos da primeira equipa no início da temporada. Foi um momento muito bonito das nossas vidas. Estávamos rodeados de jornalistas, no Estádio do Dragão. Nem todos têm uma oportunidade como essa.

No F.C. Porto fizemos um grande amigo (David Silva, que está agora no Olhanense), entre outros. Uns tiveram mais sorte na carreira e é com grande alegria que vejo o Hélder Barbosa, Bruno Gama, Steven Victória, Nuno André Coelho, João Dias, André Leão e Fábio Espinho a terem uma carreira desportiva de sucesso, agora na primeira Liga.

Continuamos a manter o contacto com muitos dos nossos companheiros dessa altura, seja através do Facebook ou do telemóvel. Também foi muito bom estar ao lado de jogadores como Ricardo Quaresma, Raul Meireles ou Benni McCarthy. Era o sonho de muitas crianças ambiciosas.

Queria também deixaer uma palavra ao mister Domingos Paciência, que teve muita influência na nossa ida para o F.C. Porto. É uma das pessoas mais humildes que conheci no futebol. Também me recordo do professor José Mário (agora adjunto de André Villas-Boas no Tottenham), o maior profissional que vi no futebol e um grande motivador!

Infelizmente, no final da época a equipa B do F.C. Porto terminou e alguns não tiveram as oportunidades que deveriam ter, não fizeram carreiras de muito sucesso.

Foi naquela altura que percebi o quanto significava o futebol para os jovens jogadores. Vi muitos dos meus companheiros a chorar. Foi um momento difícil para todos nós, até porque muitos deles tinham vários anos de F.C. Porto e viram-se obrigados a seguir outros caminhos. Foi duro.

No entanto, recordaremos sempre os momentos bonitos e as amizadas que deixámos por lá. Foram grandes momentos que jamais iremos esquecer e uma etapa muito bonita da minha carreira.

Um abraço a todos,

Marco Paixão»