Atenção F.C. Porto: o Pero Pinheiro tem na baliza as luvas do titular da Selecção Nacional. Uma grande amizade e um passado em comum unem Rui Patrício a Marco Pinto. O tempo separou os respectivos percursos desportivos, mas não a cumplicidade entre ambos. Época após época, o guarda-redes do Sporting faz questão de presentear o antigo colega com estes pequenos mimos.

«É um rapaz generoso e humilde. Sempre nos demos bem, nunca tivemos qualquer problema por lutarmos pela mesma posição», diz o número um do Pero Pinheiro ao Maisfutebol, a três dias do jogo mais importante na vida do clube lisboeta.

As coincidências não ficam por aqui. Marco Pinto foi colega de Rolando três temporadas no Belenenses e cruzou-se vezes várias com João Moutinho, Varela e Emídio Rafael nos treinos dos juniores do Sporting. Um percurso de respeito, pois, de um jovem com 23 anos e em busca do passado perdido.

«Falei com o Rolando assim que saiu o sorteio e ele ficou extremamente contente», conta Marco Pinto. «Somos amigos há muitos anos e será uma oportunidade excelente para o reencontro. Eu, ele, o Rúben Amorim e o Gonçalo Brandão éramos inseparáveis no Belenenses.»

2008: o Verão da separação entre Marco e Rolando

Marco Pinto, tal como Rolando, tem origens num berço humilde. Essa partilha na raiz de sócio-económica amplia o laço empático entre ambos. «Ele veio do nada e agora está em grande. É um homem cinco estrelas, fico orgulhoso por ter jogado com ele. Nunca esperei reencontrá-lo nestas circunstâncias. Pensei que íamos marcar um café em Lisboa e por a conversa em dia. Assim também serve», diz, entre sorrisos, o guarda-redes do Pero Pinheiro.

Foram muitas as viagens para os treinos, «às vezes de autocarro», ainda mais as conversas, sérias e espirituosas. Em 2008 separaram-se. O Verão testemunhou a contratação de Rolando por parte do F.C. Porto e o empréstimo de Marco Pinto ao Beira-Mar de Monte Gordo, já depois de ter passado pelo Mafra nas mesmas condições.

Os problemas começaram aí. A crise financeira arrasou os cofres dos algarvios, Marco mudou-se para o Estrela da Amadora. O mesmo cenário, penúria absoluta. Antes da mudança para o familiar Pero Pinheiro, ainda uma viagem até Angra do Heroísmo, para uma experiência infeliz no Praiense.

Entre o café e o Parque de Jogos Pardal Monteiro

«Tinha saudades deste tipo de jogos. Já há muito tempo que não jogo a este nível», desabafa Marco Pinto, a comentar o jogo de sábado, diante dos campeões nacionais. «É gratificante, o objectivo de qualquer profissional. Seja qual for o resultado, sei que vai ser uma tarde especial.»

O Parque de Jogos Pardal Monteiro cheio, transmissão televisiva, muitos olhos em cima do trabalho que o guarda-redes do Pero Pinheiro irá fazer. Marco Pinto não cede à pressão. «O jogo com o F.C. Porto vem mesmo a calhar. Pode abrir-me portas e recolocar-me num patamar superior. Tenho de aproveitar.»

Para já, Marco passa os dias dividido entre os treinos do emblema da III divisão e o café que gere a meias com uma cunhada. A prioridade, porém, está bem definida. «Sou jovem e a minha aposta é o futebol. O futuro começa já no próximo sábado.»

Marco Pinto a defender um pénalti na III divisão: