Nada na vida de Moussa Marega foi fácil.

Nasceu em Les Ulis, por exemplo, nos subúrbios de Paris, a cerca de 25 quilómetros do centro da capital francesa: uma zona pobre, de grande aglomeração urbarna, e que engloba a área mais industrializada de Europa: uma floresta de fábricas e oficinas.

Foi em Les Ulis também que nasceram jogadores como Thierry Henry, Martial e Evra.

A carreira de Marega teve curvas mais acentuadas do que a dos conterrâneos, porém, e só em 2011, quando o avançado já tinha 20 anos, é que começou verdadeiramente: no modesto Évry FC. Seguiu-se o Vendée Poiré-sur-Vie Football, da terceira divisão, a 400 quilómetros de casa, e um ano depois o Amiens, também da terceira divisão.

A chegada ao Marítimo, depois de uma longa caminhada pelos clubes modestos de França, mudou a carreira do avançado maliano. Em um ano apenas, distribuído por duas épocas, fez 34 jogos e apontou 15 golos.

Pelo meio conquistou a primeira internacionalização pelo Mali, tornando-se desde então presença assídua na seleção africana.

Tudo isto convenceu Sporting e FC Porto a avançar para a contratação do jogador.

Os dragões foram mais assertivos e garantiram Marega, que começou por não ter, como é normal na vida dele, uma aventura fácil no Dragão: treze jogos na primeira época, três como titular, e apenas um golo em jogo da Taça da Liga frente ao Gil Vicente precipitaram o empréstimo do jogador na época seguinte.

Em Guimarães, Marega voltou a ser ele próprio: um poço de força, combativo, perspicaz e goleador: fez um total de catorze golos.

Ora este bom registo, somado ao facto do FC Porto não ter dinheiro para contratações, precipitaram o regresso ao Dragão, onde foi recebido com duas pedras.

«Marega teve alguns problemas pessoais. Obviamente que quem me conhece sabe que, por norma, gosto de rigor e disciplina. Possivelmente o Marega não terá uns primeiros tempos muito fáceis, mas penso que se integrará depois e fará parte do grupo», avisou Sérgio Conceição.

O maliano não ia ter vida fácil novamente.

Mas como tantas vezes durante a sua existência, foi à luta. Correu, mostrou trabalho, fez golos e conquistou a admiração do treinador. Nesta quarta-feira, após a lesão de Tiquinho Soares, foi nele que Sérgio Conceição pensou para fazer dupla de ataque com Aboubakar.

O maliano respondeu com dois golos na goleada sobre o Estoril (4-0), que lhe valeram todos os elogios e o destaque de figura da jornada para o Maisfutebol.

Marega esta aí para a luta, como sempre esteve.