Mariano Barreto vai continuar no Dínamo de Moscovo, como treinador-adjunto, ao contrário da maioria dos jogadores recrutados no futebol português. Costinha, Seitaridis, Maniche, Frechaut, Jorge Ribeiro e Luís Loureiro já despertaram do sonho, enquanto os restantes manifestam publicamente o desejo de abandonar a Rússia. Derlei, conotado com o interesse do Sporting, já pediu para sair do clube, mas o técnico português considera que esse desejo não será difícil de concretizar.
O Dínamo de Moscovo está em dívida com o Sporting, devido à transferência do defesa Enakharhire, e isso poderia facilitar o ingresso do avançado brasileiro no clube leonino. Contudo, Mariano Barreto desconfia desta solução, revelando ao Maisfutebol a insatisfação dos responsáveis do emblema luso em relação do nigeriano.
«O Derlei tem falado comigo e compreendo a sua insatisfação. Está desmotivado. É um jogador que está habituado a ganhar, que tem imensa qualidade, e percebe agora que o projecto a que aderiu não teve os resultados esperados. É natural que o Sporting o queria, mas também temos de compreender que o Dínamo esteja relutante em pagar o que deve pelo Enakarhire, porque o jogador ainda não fez nenhum minuto, desde que chegou. Aliás, ainda não se apresentou ao trabalho, nesta altura. A equipa está a treinar e ninguém sabe onde o Enakarhire está», explica o técnico.
Mariano Barreto confessa que o desencanto é geral, depois das enormes expectativas criadas. O Dínamo de Moscovo comprou mais de uma dezena de jogadores provenientes do futebol português, mas a equipa averbou resultados extremamente modestos. Nesta altura, acentua-se a remodelação, com o «contingente luso» a ser consideravelmente encurtado.
«Curiosamente, acabaram por ser os jogadores menos cotados, como o Danny, a ganharem mais popularidade. Algo não correu bem, e as duas partes ficaram desiludidas. O Dínamo de Moscovo foi uma miragem para os portugueses. Também eu fui iludido pelo valor dos jogadores contratados, pelo projecto. Financeiramente, ninguém poderá ter razão de queixa, mas desportivamente percebe-se o desencanto de todos. Eu vou continuar, tenho contrato por mais três anos e estou disposto a esperar pelos resultados deste trabalho recente», afirma.
O treinador português acaba por encontrar uma explicação simples para o falhanço da aposta do Dínamo de Moscovo no mercado português. «O valor dos jogadores é indiscutível, são elementos de categoria internacional, mas nunca é boa aposta recrutar 12 ou 13 jogadores de outro país, com outra mentalidade. Houve um nítido choque cultural, e os resultados acabaram por reflectir essa incompatibilidade. Queríamos disputar o título de campeão russo e, no ano seguinte, ganhar estatuto na Europa mas, um ano depois, está a assistir-se à inversão do percurso, entre Portugal e a Rússia», conclui Mariano Barreto. Nuno Espírito Santo, Jorge Luiz, Enakarhire, Danny, Cícero e Derlei continuam a representar o emblema moscovita.