«Quando a bola surge na área, estou no sítio certo. As pessoas que me conhecem sabem que faço muitos golos. Por vezes, até estou um pouco desligado do jogo, mas quando tenho a mínima oportunidade, faço golo.»

Assim se define Mário Jardel Júnior, o mais recente reforço do Leça Futebol Clube, em conversa com o Maisfutebol.

O nome não engana. O avançado de 20 anos tem o apelido e os genes do antigo goleador do FC Porto e do Sporting, uma das maiores figuras do futebol nacional no início deste século.

Mas antes de ingressar no clube da principal divisão distrital da AF Porto, o jogador nascido há duas décadas na cidade Invicta, teve o primeiro contacto com a bola nas camadas jovens do Estoril-Praia. Segue-se uma passagem pelo GDS Cascais, antes de rumar aos Estados Unidos para representar o Northwestern United.

«Comecei a jogar no Estoril, depois fui para o Cascais onde tive a minha primeira experiência no futebol sénior. No último ano, decidi ir para os Estados Unidos. Recebi uma bolsa e tive a oportunidade de conciliar os estudos com o futebol. E fui para lá jogar. A minha prioridade? Sempre foi o futebol, mas para entrar na MLS só o poderia fazer através da Universidade.»

Contudo, apenas um ano depois, o filho de Super Mário decide regressar a Portugal. Os motivos para tal decisão? A qualidade do futebol praticado na América e uma ambição desmedida em singrar.

«Curiosamente até me adaptei muito bem à minha equipa nos Estados Unidos, mas o nível do jogo lá é muito inferior comparado com o europeu. Achei que o melhor para a minha carreira seria regressar a Portugal», refere.

O histórico emblema de Matosinhos abre as portas do futebol português a um jovem ambicioso e sem medo de arriscar.

«A oportunidade de vir para o Leça surgiu através de um amigo, o senhor Joaquim Teixeira. Através dele surgiu a oportunidade de vir aqui treinar à experiência. Treinei durante uma semana e a equipa técnica gostou de mim. Assinei logo contrato», recorda.

Sete dias bastaram para convencer os responsáveis do Leça. Mas afinal, será o que o filho evidencia as características que ajudaram o pai a escrever uma página dourada na história do futebol português?

«Não temos assim tantas características em comum. Por exemplo, o meu pai era muito bom de cabeça. E eu tenho consciência que nesse capítulo vai ser mesmo muito difícil conseguir chegar ao nível dele. Mas com os pés, sou melhor. Ele não era tão forte nesse aspeto», salienta.

Jardel Júnior

O número 16 do Leça assume o desejo de ajudar o clube de Leça da Palmeira a atingir noutros patamares. Refira-se que este emblema já esteve no patamar mais alto do futebol português em quatro ocasiões.

«Estou aqui para ajudar o Leça a reerguer-se. É um clube histórico que se quer reerguer e espero contribuir com boas exibições para que isso aconteça. Dar o salto para outro clube? Cheguei agora, mas se me destacar, quem sabe... », atira.

Por ser filho de uma das maiores figuras do passado recente do futebol nacional, as comparações são inevitáveis. Algo a que, Jardel Júnior, cedo se habituou, diga-se.

«Desde miúdo que as pessoas referem-se a mim como o filho do Jardel. Sinceramente, já estou habituado. Com o tempo, as pessoas começaram a perceber que somos diferentes. Prefiro que olhem para mim por aquilo que faço e não por ser filho do Jardel», frisa.

Jardel Júnior garante que as primeiras memórias que tem do pai como jogador correspondem aos tempos do Beira-Mar. Pese embora não tenho assistido ao auge da carreira do pai, este funciona como o seu principal conselheiro.

«Falo com o meu pai todos os dias, ele dá-me muitos conselhos. Quando estou com ele, treinamos juntos. Ele insiste comigo sobretudo ao nível das movimentações dentro de área», afirma.

Recorde-se que Mário Jardel anotou um total de 239 golos durante seis anos e meio em Portugal. Será que o filho vai seguir as pisadas do pai?