O Maisfutebol desafiou os treinadores portugueses que trabalham no estrangeiro, em vários pontos do planeta, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:

Leia a apresentação de Mário Lemos

MÁRIO LEMOS, MTG UTD (Tailândia)

«Caros leitores,

Por muitas e sucessivas vezes sou interpelado com a seguinte pergunta: «Mário, compensa estar a treinar uma equipa na Tailândia ou nos Estados Unidos da América, longe de Portugal e da família?»

Bem, na verdade, é sempre difícil estar afastado dos nossos entes queridos, no entanto, na minha ótica, sim compensa, visto que, um dos meus objetivos como treinador sempre foi exercer a minha atividade fora de Portugal.

Gosto de desafios e a oportunidade de ir treinar uma equipa para países como a Tailândia ou os EUA revelou-se bastante valiosa. Ter aproveitado esta possibilidade proporcionou um grande crescimento das minhas capacidades enquanto treinador de futebol. Com isso um dos meus objetivos já estava concretizado.

Recuo duas épocas atrás. Na altura era treinador do TSF Academy, nos EUA. Morava em Wayne-New Jersey, que ficava a pouco mais de 25 minutos do Iroudbond, em Newark, um bairro português, com uma das maiores comunidades portuguesas dos EUA.

Restaurantes, lojas, pastelarias, entre outros bens e serviços, tudo português. É engraçado ouvir-se falar português nas ruas. Claro está que sempre que podia, fins-de-semana e dias de folga, ia matar as saudades da belíssima gastronomia portuguesa. Durante a minha época nos EUA tive o prazer de conhecer muitos emigrantes portugueses, treinei imensos jogadores luso-descendestes e falava português todos os dias.

Mesmo estando longe, esta interação com a comunidade portuguesa fazia com que as saudades de casa fossem menores.

Já na Tailândia a realidade é totalmente diferente. A comunidade portuguesa existente no país é muito menor, tornando a comunidade portuguesa na Tailândia e comunidade portuguesa existente nos EUA de impossível comparação. Como tal, matar as saudades da comida portuguesa e lembrar-me do meu país, torna-se impossível.

Restava-me cozinhar. Tive a sorte de ter sido visitado por três grandes amigos portugueses e ser prendado com iguarias portuguesas, como bacalhau, azeite e orégãos. Atualmente já estou acostumado à comida picante tailandesa, mas tem sido demasiado arroz para mim, até ao pequeno-almoço os tailandeses comem o arroz. E mais: comem arroz com gelado.



Finalizando, existem algumas curiosidades. Mesmo estando tão longe de Portugal, tive o prazer de conhecer Nani, jogador do Manchester United. Neste último verão esteve de férias na Tailândia, e através de uma marca que o patrocina o clube organizou uma clínica de futebol, no qual organizamos um treino com os jogadores da academia.

O Nani deu umas dicas aos jogadores e participou no treino, tive oportunidade de lhe dar os parabéns pelo excelente desempenho no Europeu e dar-lhe a conhecer um pouco do futebol Tailandês.

Também tive o prazer de ser convidado pela embaixada portuguesa para receber a seleção portuguesa de futsal em Banguecoque, que veio a disputar o campeonato do Mundo na Tailândia. Um grupo muito alegre e simpático, com quem partilhei a minha experiencia na Tailândia.

Um abraço a todos os leitores,

Mário Lemos»