Um Porto sem identidade, constantemente em protestos e incapaz de aproveitar os muitos espaços concedidos pela defensiva do Marítimo, foi o prato servido pelos atuais campeões nacionais durante toda a primeira metade, pese embora até tenham conseguido o domínio territorial do jogo, depois de, surpreendentemente, terem sido encostado às cordas nos primeiros quinze minutos da partida. Derley resolveu a favor do Marítimo (1-0).

Entraram bem os pupilos de Pedro Martins na contenda, raçudos e a pressionar o adversário, roubando muitas bolas na zona intermediária do terreno e partindo para venenosos contra-ataques. As transições rápidas do Marítimo são bem conhecidas, mas o Porto parecia surpreendido com o que estava a acontecer, e, perdendo o meio campo, não conseguia sair para o ataque, sobrecarregando a sua defensiva, onde Maicon era o elemento com mais dificuldades.

Os verde-rubros, alheios aos problemas do adversário, iam chegando com muito perigo junto da baliza de Helton, e, depois de terem reclamado uma grande penalidade à passagem do minuto 2, que Nuno Almeida não concedeu, viram mesmo o árbitro algarvio assinalar o castigo máximo aos 12 minutos, num lance em que Danilo Pereira, depois de fugir a Defour, antecipou-se a Danilo, com este a derrubá-lo claramente no interior da grande área. Derley, o único homem golo da equipa depois da transferência de Héldon, não perdoou e atirou a contar, somando assim o seu nono golo na liga e apanhando o seu antigo colega de equipa na lista dos melhores marcadores.

As alas do Porto não funcionavam e Quaresma mudou-se da direita para a esquerda, de modo a fugir a um Márcio Rozário que o secava e tentando encontrar mais facilidades junto de João Diogo. Resultou a estratégia mas sobretudo porque o Porto aproveitou o domínio territorial que detinha e porque o internacional português subiu de rendimento ao imprimir mais velocidade ao seu jogo, sendo dos seus pés que saíram as jogadas mais perigosas do Porto.

O reforço de inverno dos dragões ameaçou pela primeira vez à passagem dos 32 minutos, fugindo bem pela ala esquerda em trabalho individual, mas o remate saiu frouxo e ao lado. O mesmo Quaresma viria a bater um livre direto em zona frontal aos 35 minutos, fazendo a bola passar muito perto do poste da baliza à guarda de Salin, gorando assim a melhor oportunidade de golo em toda a primeira parte.

O jogo não corriua de feição e por pouco não ficava ainda pior, quando, já em tempo de compensação, Márcio Rozário, também na transformação de um livre direto em zona frontal, fez a bola passar a mílimetros do poste, deixando que o intervalo chegasse com os leões do Almirante Reis com uma justa vantagem no marcador.

Um Porto mais acutilante

A segunda metade trouxe um Porto mais acutilante, mas ainda assim muito cinzento de ideias. No entanto, os dragões conseguiram acumular situações de golo, algo que poucas vezes fizeram na primeira metade, enquanto o Marítimo esperava pelas oportunidades certas para lançar as suas transições rápidas.

Sempre sob a batuta do maestro Quaresma, o Porto ia resumindo o seu futebol ofensivo pela ala esquerda e só não chegou ao empate porque Salin fez uma defesa apertadíssima para canto aos 56 minutos, negando novamente o golo a Josué na sequência do lance.

Já o Marítimo, não viu a vantagem no marcador ampliar porque Helton não quis ficar atrás do francês e num voo espetacular negou o golo a Derley aos 68 minutos, depois de uma excelente jogada de combinação entre Theo Weeks e Danilo Dias.

Havia muito mais Porto nesta altura e Varela ainda haveria de dar um ar da sua graça mesmo antes de ser substituído aos 71 minutos, tirando tinta do poste num remate à meia volta, com Quaresma a repetir a má direção volvidos 4 minutos.

O tempo corria a favor da equipa da casa e os nervos iam tomando conta dos jogadores do FC Porto que mesmo muito mais ofensivos não conseguiam dar o melhor seguimento aos lances que criavam, acabando por averbar uma derrota no sempre difícil estádio dos Barreiros, que premeia uma grande atitude em campo do conjunto insular.