Um golo de Derley, em tempo de compensação, valeu um empate ao Marítimo que, mesmo reduzido a dez, teve pulmão para ir em busca do golo. O Olhanense esteve em vantagem durante quase um hora e só caiu já perto do final, mas pela primeira vez leva pontos do Caldeirão.

Para Abel Xavier este início de época assemelha-se um pouco à montagem de puzzle, com peças que chegam, a conta gotas, de diversas latitudes. Ainda assim, o melhor elogio que se pode fazer ao estreante técnico dos algarvios é que conseguiu montar uma equipa que preferiu vestir o macacão, deixando a alta costura no hotel.

Quer isto dizer que o Olhanense transportou para o Caldeirãos dos Barreiros a transpiração com que derrotou o Paços de Ferreira, na última jornada, e voltou a revelar instinto predador, aproveitando uma grande penalidade, cobrada por Rui Duarte (29 min), para se colocar em vantagem no marcador.

E nem o sinal mais do Marítimo, em lances de perigo eminente, fez estremecer os rubro-negros durante a primeira parte. Pertenceram, de facto, aos insulares as melhores ocasiões para marcar, mas Ricardo fez os adeptos presentes no estádio recuarem uns bons anos, até à altura em que era ele o dono da baliza da seleção portuguesa. Primeiro fechou a porta a Sami, num lance em que o guineense apareceu isolado na sua cara (13m), e, depois mostrou agilidade para responder rápido a um livre cobrado por Rúben Ferreira que levava o selo de golo (21m).

Pouco antes do intervalo o Marítimo esteve perto da igualdade, com Heldon a ultrapassar Ricardo e a oferecer o golo a Derley, valendo ao Olhanense o corte de Vítor Bastos a afastar o perigo. Os madeirenses moraram mais no campo adversário, mas os algarvios até se sentiram bem com isso. E regressaram às cabines em vantagem no marcador.

Ricardo defendeu quase tudo

Pedro Martins percebeu que só com critério na posse de bola e a devida exploração das faixas laterais poderia ultrapassar a muralha algarvia. Lançou então Rodrigo Lindoso e o Marítimo criou perigo. Rúben Ferreira aplicou uma canhota, de fora da área, com a bola a sair ligeiramente ao lado do travessão da baliza visitante (52m). No minuto seguinte foi Heldon a cavalgar metros e a oferecer o golo o Sami, mas o remate do carrasco do Benfica encontrou o corpo Ricardo (53m).

O filme Ricardo contra o Mundo continuou e o guardião português, com a defesa da jornada, voltou a negar o golo ao Marítimo, numa cabeça de Derley à queima-roupa (60m). O Marítimo teimava na procura da igualdade e pertenceu a Rodrigo Lindoso a melhor ocasião para marcar, mas o brasileiro dos golos bonitos acabou por atirar a bola para as obras (77m). Fidélis ainda foi buscar a bicicleta para tentar o golo (80m). E pior ficou quando Briguel foi expulso numa altura em que os madeirenses já tinham metido a carne toda no assador.

Depois de tantas contrariedades o Marítimo teve um momento de felicidade e chegou à igualdade já em tempo de compensação, por Derley (90+3). Acabou por ser um mal menor para os madeirenses, que mesmo com dez nunca deixaram de acreditar. Já o Olhanense vê fugir dois pontos que pareciam garantidos. De qualquer maneira, o conjunto de Abel Xavier leva, pela primeira vez, pontos do Caldeirão.