Julio Velázquez, novo treinador do Marítimo, em conferência de imprensa, depois do triunfo sobre o Nacional (2-1), no Estádio da Madeira, na estreia, no jogo de abertura da 23.ª jornada da Liga:

- Disseram-me agora, não sabia [primeira vitória do Marítimo na Choupana desde 2007/08]. Estamos muito contentes, sobretudo pelos jogadores, pelo presidente, pela direção, pelos funcionários, e acima de tudo pelos adeptos. A massa associativa do Marítimo merece, mostraram-nos hoje muito carinho, à porta do hotel, na estrada quando vínhamos no autocarro.

- A vitória é dos jogadores, dos funcionários e dos adeptos. Não vou mentir, sou o homem mais feliz do mundo, porque esta foi uma semana muito particular. Desde segunda-feira dormi umas seis horas no total. Desde que recebi a chamada, o meu objetivo era estar hoje no banco. Foi difícil, tivemos de fazer um teste [para a covid-19], estávamos no aeroporto e não pudemos viajar, tivemos de voltar ao hospital, mudar de voo… O futebol é paixão, e isto ainda não tinha vivido. Quisemos fazer a apresentação ontem de manhã e dois treinos. Treinámos ontem à tarde, à porta fechada, no estádio, para organizar a equipa sobretudo ao nível ofensivo e hoje de manhã fizemos outro treino para treinar a fase sem bola. Sei que não é fácil para os jogadores receber tanta carga cognitiva, por isso agradeço-lhes, porque mostraram uma recetividade incrível. Não só os jogadores, mas todos tentaram facilitar-nos a vida desde que chegámos. Teremos de lutar muito até ao final, mas este foi um início muito positivo. Uma vitória, três pontos, e ainda por cima num dérbi, melhor era impossível, e vocês puderam ver no relvado como os jogadores ficaram felizes.»

[Influência de Rodrigo Pinho]

- Para mim a tarefa é fácil com o coletivo. Claro que o Rodrigo é um grande jogador, e um grande ser humano acima de tudo, mas as coisas conseguem-se com o coletivo. E o coletivo mostrou trabalho, solidariedade, compromisso, e predisposição para receber ideias. Em 15 horas fizemos dois treinos, palestra, e não é fácil. Esta malta tem um compromisso extraordinário, eles sabem o que significa o Marítimo e os seus adeptos, e o objetivo deles era conseguir uma vitória o mais rapidamente possível.»

[Equipa defendeu melhor a jogar com dois centrais em vez de três?]

- Vocês já me conhecem, do Belenenses e do Vitória, eu não acredito em sistemas fixos. Acredito, sim, na ideia, na identidade, em ter um padrão de jogo. Para mim, os sistemas são dinâmicos. Hoje, ao início era um 4-4-2, mas com bola, quisemos jogar com o Hermes e o Cláudio em profundidade, com o Edgar Costa e o Correa mais para dentro. Sem bola, ficámos com uma linha de cinco, depois em situações com bloco médio baixo, passámos de 5-2-3 para 5-3-2, e terminámos quase num 4-3-3. Mas o importante são as ideias, e a recetividade dos jogadores foi incrível. Comigo os sistemas são dinâmicos em função das fases de jogo. Vamos mudando porque para mim, o futebol de hoje em dia é interpretar os espaços para atacar e para defender.»

- Na primeira parte fizemos coisas muito interessantes, desde o início até ao minuto 30, gostei muito da primeira parte. Não é fácil todas estas movimentações, mas tivemos um penalti, fizemos cruzamentos, tivemos muitas jogadas, mas no final da primeira parte estava a custar-nos um bocadinho porque nos faltava calma para acumular mais passes no campo adversário e nesses últimos minutos perdíamos e recuperávamos a bola. O que ajudou foi o compromisso, a predisposição para receber tanta informação. Podemos trabalhar, podemos dizer, mas o mais importante é que os jogadores ouçam e façam o que têm a fazer, por isso, muito obrigado a todo o plantel.