A transferência não concretizada de Kylian Mbappé para o Real Madrid até podia ter sido vista com bons olhos pelo Barcelona, mas o presidente do emblema culé considerou a renovação do avançado francês pelo PSG uma má notícia para o futebol.

«Isto distorce o mercado. Os jogadores acabam por ser sequestrados pelo dinheiro. São as consequência de um clube ter um Estado por detrás. Vai contra todos os princípios da União Europeia», afirmou Joan Laporta em entrevista ao jornal catalão L'Esportiu.

Mbappé, que parecia estar a caminho de rumar ao Real Madrid, acabou por tomar a decisão de seguir em França a troco de um prémio de assinatura de 300 milhões de euros (superior à maior transferência da história do futebol, de Neymar do Barcelona para o PSG em 2017 por 222 milhões de euros) e de quase 100 milhões de euros de salário por época. Além disso, na época passada a equipa gaulesa terá apresentado um balanço negativo das contas em mais de 200 milhões de euros.

«É uma reflexão sobre a sustentabilidade do futebol na Europa. Há uma leitura que o Barça pode fazer: há um rival direto que não se reforça, mas fico-me pela reflexão sobre a sustentabilidade do futebol. (...) O que os outros fazem não é problema nosso, mas deve preocupar-nos que não cometam ilegalidades e o mercado está a ser distorcido pelos clubes-estado e está visto quais são: temos o PSG, o Mancheser City e aparecerão outros. Isto torna mais difícil gerir um clube como o nosso, que é propriedade dos sócios e das sócias», vincou.

O Barcelona atravessa problemas financeiros graves e a Liga espanhola impôs nos últimos anos aos catalães um teto salarial muito mais reduzido do que o que era habitual, situação que Laporta entende ser excessiva e contribuir para acentuar ainda mais o fosso entre os blaugrana e os clubes mais poderosos. «A solução passa pela Liga espanhola ser muito mais flexível em temas de fair-play e que estes clubes não tenham os privilégios que lhes são dados pela UEFA. São-lhes permitidas coisas que não são admissíveis e que outros clubes como o nosso não fazem», rematou.