A final da Taça das Taças, em Basileia, estava ali a três dias. Rossi, Platini, Boniek, Vignola, monstros vestidos de preto e branco a aguardar a criação de José Maria Pedroto, retido pela doença numa cama de hospital.

O Estoril-Praia chegava, então, às Antas em forma de tubo de ensaio. O FC Porto já sabia que essa última jornada do campeonato nacional 1983/84 nada alteraria: as faixas de campeão acabariam sempre na Luz.

Único objetivo: fechar bem a liga e preparar a Juventus, monstruoso adversário, na primeira final europeia do emblema azul e branco.

Com o adjunto António Morais a liderar no banco de suplentes, o FC Porto arranca para uma tarde de futebol perfeito. Um, dois, três, oito golos na baliza do guarda-redes Paulino, o homem escolhido por Mário Wilson para defender Fernando Gomes e associados.

Nada a fazer. Essa tarde de 13 de maio de 1984 termina com a maior goleada aplicada pelo FC Porto ao Estoril, em 25 visitas dos canarinhos à casa do dragão.

Quarta-feira, 9 de agosto de 2017, joga-se a 26ª.

Vitórias do Estoril? Uma só, e recente: 23 de fevereiro de 2014, golo de Evandro de penálti, derradeiros suspiros de Paulo Fonseca no comando técnico do FC Porto.

13 minutos para o «engenheiro do penta»

A história do jogo de 84 é narrada em oito capítulos: os golos. Mas há um apêndice, um pormenor a acrescentar. Nesse maio quente, Fernando Santos, aquele que viria a eternizar-se no universo azul e branco como «o engenheiro do penta», é suplente do Estoril.

Mário Wilson lança o atual selecionador nacional aos 77 minutos, para o lugar de Vieirinha. Santos vê, já em campo, o FC Porto a marcar mais três golos. Nada pode fazer perante a avalanche azul.

Na primeira parte, 2-0: Fernando Gomes aproveita um canto na esquerda para marcar o primeiro e tabela com António Sousa para o médio fazer o segundo. Tudo na paz do senhor.

Gomes ainda falharia um penálti, antes da rajada de golos: Sousa num remate rasteiro, e de fora da área, faz o 3-0; Mike Walsh cabeceia na área para o 4-0; Vermelhinho sobe a parada num pontapé muito colocado e cruza depois para Gomes (no 6-0) e Walsh (no 7-0) cabecearem para golo. Ou golos.

Fernando Gomes, no seguimento de uma receção no peito, remata para o 8-0. E venha daí a Juventus.

Três dias depois, é o que se sabe. O FC Porto perde 2-1 na Suíça e Zé Beto acaba o jogo a agredir o fiscal de linha. Mas este é um texto sobre dragões e canarinhos.

FC Porto-Estoril, capítulo 26 na I Liga, para seguir AO MINUTO no Maisfutebol.

As imagens originais são da RTP e retiradas do blog Os Filhos do Dragão.