Lionel Messi mantém o seu discurso humilde. A grande estrela do Barcelona, adversário do Benfica na Liga dos Campeões, sente-se apenas parte de uma grande equipa, em entrevista ao «El País», antes da visita ao Estádio da Luz.
«Claro que agradeço os prémios. Mas, no fundo, preocupa mais a vocês, que estão sempre a perguntar quem é melhor. Xavi ou Iniesta? Quem sabe? Tenho sorte de ter caído neste Barça, que tem jogadores enormes. Deu-me tudo: prémios, títulos, golos. Tudo! Esta equipa já entrou na história pelo que ganhou. Tenho sorte de jogar aqui e na seleção argentina, onde também tenho grandes futebolistas ao lado. Isso é fundamental. A mim a equipa faz-me melhor, de certeza. Sem a ajuda dos meus companheiros não seria nada, não ganharia nada. Nem títulos nem prémios, nada», afirmou.
O craque argentino mantém o que já disse: não conseguiria nunca jogar como Xavi e Iniesta. «Faço o possível para ajudar a equipa e não saberia fazer o que eles fazem. Apenas tento ajudar, sempre. Não gosto nada de perder e tento ser uma ajuda para ganhar. Sempre digo que entro em campo a pensar em ganhar e não em fazer muitos golos.»
Messi continua a ser um miúdo em campo, e reconhece-o. «A minha forma de jogar não mudou muito é verdade, embora tenha aprendido muitas coisas sobre o jogo. Ajudou-me vir para o Barcelona e trabalhar da forma como se faz na cantera. Ainda ontem estava a olhar para miúdos de sete anos que se estavam a treinar ao nosso lado, e o que se lhes ensina é diferente de qualquer outra parte do mundo. Desde pequeno que te ensinam a jogar a bola, a cuidar dela, te ensinam o tático, a entender o jogo. E de pequenos jogam igual a nós! Isto não deixa de me surpreender.»
O avançado sorriu quando soube que seria Tito Vilanova a suceder a Guardiola à frente da equipa técnica. «Sim, é possível que tenha sorrido, porque me caiu bem a notícia de que era o substituto de Pep. Conheço-o desde miúdo e trabalhávamos há cinco anos com Pep e ele. Parecia-me que lhe podia correr muito bem. Tito foi quem me pôs a jogar, porque até esse momento nas escolas era suplente. Conheço-o, é uma pessoa normal, aberta. Vai em frente, diz as coisas na cara sem problema. Gosto disso», explicou.
Na entrevista, Messi chama «papá» a Piqué, que o defendia nas camadas jovens porque era maior, e aborda a possibilidade de um triplete enquanto pai: «Não, não sei. Se vierem muitos melhor. Venham os que venham!»
O episódio da discussão em campo com Villa continua a dar que falar, mas Messi nega problemas. «Já disse que não procurem problemas onde não há. Olhem para outro lado. Aqui não há nada. É um balneário que funciona para lá do desportivo, espetacular. Há tempo que estamos juntos e o nível humano das pessoas é muito grande. Ninguém sabe o bem o que passamos juntos. E depois de tantos anos não é fácil.»
No final, o Real Madrid e Mourinho calharam em conversa. Ao argentino foi pedido que escolhesse o melhor clássico, na sua perspetiva e ainda questionado sobre o que achava do técnico português: «Recordo todos os que ganhámos. É o mais bonito, ganhar ao Real Madrid, pela transcendência. É uma equipa muito boa. Talvez escolha a meia-final da Champions, pelo que significava. Mourinho? Não posso falar. Não o conheço, nunca falei com ele. Só posso falar do que alcançou, que é muito, muitos títulos. Sei que os seus jogadores falam bem dele, mas não o conheço.»
E a maior frustração do craque surgiu precisamente nos jogos com a Espanha: «Espanha joga quase igual a nós. A eles não lhes consegues tirar a bola. E para um jogador é muito bom que estejas do lado deles. Joguei contra a Espanha e corri atrás da bola sem poder agarrá-la. Aconteceu-me em Madrid, em Murcia. Na Argentina foi outra coisa... Mas nunca corri tanto sem ter a bola como quando defrontei a Espanha», concluiu.