A conquista da Liga Conferência e a camaradagem na «família» lusófona no Olympiakos brilham de forma distinta no álbum de memórias de João Carvalho. No rescaldo de um ano de peripécias, reencontros e vitórias pronunciadas no idioma de Camões, o médio foi a boleia do Maisfutebol num final de tarde.

Da amizade com David Carmo às reuniões para matar saudades do futebol português, João Carvalho, de 27 anos, revela a família construída no Pireu.

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Maisfutebol – Em janeiro, o plantel do Olympiakos acolheu uma autêntica conferência lusófona e ibérica: Rúben Vezo, David Carmo, Gelson Martins, Jovane Cabral, Chiquinho, André Horta e Fran Navarro.

João Carvalho – Fomos uma família. Tudo se tornou mais fácil com um grupo assim. Em todo o caso, falamos de jogadores provenientes de clubes de muita exigência, pelo que chegaram ao Olympiakos com a atitude ideal.

MF – Ficou surpreso pela chegada de André Horta e Chiquinho?

J.C. – Não sei os detalhes dos negócios [risos]. Foram acréscimos de qualidade e foram muito importantes na segunda metade da época.

MF – São de gerações próximas, de 1994 a 1999, pelo que, certamente, guardam memórias enquanto adversários na formação. Foi peculiar se juntarem nesta fase das carreiras?

J.C. – Foi engraçado. Reencontrei o David Carmo, que conheci no Seixal, quando ele era um «bebezinho». Nos jogos da formação do Benfica ele vinha sempre falar comigo, porque eu era dos mais velhos. Também joguei com o André Horta, e fui adversário do Daniel Podence [nas equipas B de Benfica e Sporting]. Aproveitamos para recuperar essas memórias.

MF – No Olympiakos conseguiram reunir o grupo para assistir a jogos dos clubes portugueses?

J.C. – Tivemos muitos jogos no Olympiakos. Por isso, vimos os jogos das equipas portuguesas, sobretudo, durante os estágios. Fazíamos apostas e estávamos muitas vezes juntos.

MF – Há saudades?

J.C. – Sim, claro, foram meses importantes, brindados com uma conquista europeia. Pela forma como aconteceu, sem dúvida que nunca esquecerei. E estas amizades ficarão.

MF – E como descreve o David Carmo?

J.C. – É um bom amigo e partilhámos quarto nos estágios. Sempre foi fácil de conversar – com brincadeiras à mistura – e foi dos colegas de quem fui mais próximo. Enturmou-se bem. Todos falavam com ele. Em termos de jogo, todos sabemos que não viveu meses bons no FC Porto, mas no Olympiakos provou o seu valor.

Agora, continuará o seu trabalho, porque é um jogador acima da média. Tínhamos muitas dificuldades na defesa, mas ele foi um «patrão», como diziam os gregos. Acabou por ser uma agradável surpresa, porque o conheci como miúdo e era muito brincalhão. Dentro de campo, mostra uma postura completamente diferente e consegue ser o patrão da defesa.

MF – Do Olympiakos saiu, em janeiro, Marious Vrousai, para o Rio Ave. Acha que singrará por Vila do Conde?

J.C. – O Marious é uma pessoa incrível. Precisamos de dar tempo, porque não joga com regularidade há algumas épocas. Como referi, é sempre bom termos colegas que falam o mesmo idioma. Mas, acho que esta poderá ser a sua época de afirmação.