Miguel já é jogador do Valência. Para trás ficaram 45 dias de impasse e indecisão quanto ao futuro do lateral. Um processo que colocou o Benfica e o internacional de costas voltadas. Em causa esteve um vínculo contratual que Miguel assinou com o clube até 2008. O jogador alegou que assinou um novo contrato e que estava em período experimental. O Benfica entendeu que se tratou de um prolongamento ao acordo já existente.
Tudo começou quando Miguel falhou no arranque oficial da equipa. No dia 4 de Julho os encarnados começaram a preparar a época 2005/06. Foram anunciados os reforços Beto, Karyaka e Anderson, mas de Miguel nada se sabia.
Estava lançada a confusão na equipa da Luz e no futebol português em geral. Um dia depois, o presidente do clube espanhol mostrou, pela primeira vez, interesse no lateral.
O dia 10 de Julho foi a gota de água. Clube e Miguel ficaram, definitivamente, de costas voltadas. Em entrevista à SIC, o defesa revelou que não tinha condições para jogar na Luz e que jamais iria para a Rússia (Dínamo Moscovo), como pretendiam as águias. O presidente Luís Filipe Vieira responde alegando que Miguel terá de se apresentar no clube.
Depois foi a vez de a Liga de Clubes e a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) validarem o contrato assinado entre os dois intervenientes (11 e 12 de Julho, respectivamente).
O dia 18 foi decisivo. Miguel enviou uma carta ao Benfica, ao Sindicato de Jogadores (SJ), à LG e à FPF a apresentar a rescisão de contrato com justa causa. Por essa altura, Valência e Juventus eram os nomes mais vezes referidos como podendo desbloquear a situação, protagonizando uma transferência satisfatória para todos.
Passados dois dias surgiu a resposta dos encarnados, que foram entregar na FPF uma exposição destinada à FIFA. A ideia, óbvia era a de dissuadir qualquer clube de fazer uma aproximação que não fosse controlada pelos dirigentes encarnados.
A 25 de Julho ocorreu um novo passo no litígio. O Benfica fez chegar à Comissão Arbitral Paritária (CAP) uma acção de oposição ao reconhecimento de justa causa do pedido de rescisão apresentado por Miguel.
Já em Agosto (dia 10) veio a público que o Miguel estava a treinar nos ingleses do Fulham, clube onde alinha Luís Boa Morte.
No dia 16, a CAP anunciou uma decisão sobre o caso para esta sexta-feira. Sentença que entretanto adiou para a próxima segunda-feira.
Por fim, materializou-se o interesse real do Valência. Os espanhóis deslocaram-se na passada quarta-feira a Lisboa para acertar a transferência do internacional. O caso que mexeu com a pré-época em Portugal ficou, finalmente, resolvido esta quinta-feira à noite. Miguel ruma ao clube «Che» por cinco temporadas e o Benfica arrecada oito milhões euros.